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Mundo

Explosão em Beirute completa 1 ano, e Líbano segue em crise

Papa cobrou 'gestos concretos' da comunidade internacional

4 ago 2021 - 09h04
(atualizado às 09h58)
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Há um ano, a cidade de Beirute, no Líbano, vivia um dos seus dias mais trágicos. Uma gigantesca explosão no porto da capital deixou 214 vítimas, mais de 6 mil feridos e prejuízos de bilhões de dólares.

'Reféns de um Estado assassino', diz cartaz pendurado em Beirute por ocasião do aniversário de um ano da explosão no porto da cidade
'Reféns de um Estado assassino', diz cartaz pendurado em Beirute por ocasião do aniversário de um ano da explosão no porto da cidade
Foto: AFP / Ansa - Brasil

A causa da explosão foi o armazenamento inadequado de 2.750 toneladas de nitrato de amônia dentro de um dos depósitos do porto. Porém, até hoje, há uma troca de acusações sobre falhas de fiscalização no local e sobre a negligência das autoridades.

O maior evento para cobrar mais ajuda tanto do governo como de aliados internacionais está marcado para a noite desta quarta-feira (4), na Praça dos Mártires, onde são esperadas milhares de pessoas. O governo decretou dia de luto nacional para lembrar da tragédia.

O papa Francisco, uma das principais vozes de cobrança no exterior, voltou a realizar um apelo para que os países "façam gestos concretos" para ajudar o Líbano.

"Faço um apelo à comunidade internacional para ajudar o Líbano a completar um caminho de ressureição, com gestos concretos, não apenas com palavras", disse o pontífice ao citar a conferência promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela França, que reúne líderes de diversos países.

Francisco reiterou seu "grande" desejo de visitar a nação e reforçou que "não se cansa de rezar para que o Líbano volte a ser uma mensagem de fraternidade e de paz para todo o Oriente Médio".

Conferência

A conferência da ONU acontece de maneira virtual, por conta da pandemia de Covid-19, e visa arrecadar cerca de US$ 350 milhões. Apesar de o governo libanês ter declarado default financeiro em 4 de agosto do ano passado, o país já vivia uma profunda crise econômica desde 2019 - e a explosão agravou ainda mais a situação.

Uma nota oficial conjunta publicada antes do encontro e assinada por ONU, União Europeia e Banco Mundial cobrou "justiça pelas vítimas" e "reformas urgentes" para ajudar o Líbano.

"Lembramos hoje a tragédia ocorrida em 4 de agosto de 2020 em Beirute. Um desastre causado pelo ser humano, uma das mais potentes explosões não nucleares da história, que matou 214 pessoas, deixou mais de 6 mil feridos e que destruiu a vida e os meios de subsistência de milhares de pessoas em todo o Líbano", diz o comunicado.

O documento lembra que, há "365 dias, o povo libanês" ainda espera a justiça prometida por governantes e cobra que uma "investigação eficaz, independente e transparente" leve essa "justiça para as vítimas e paz para as famílias".

Em uma nota separada, o alto representante para a Política Externa da UE, Josep Borrell, também cobrou o ressarcimento das famílias pelas perdas e disse que o bloco "encoraja os líderes políticos libaneses a acolherem essa oportunidade para reconquistar a confiança do povo, colocar de lado suas divergências e formar rapidamente um governo com um mandato forte para enfrentar a atual crise econômica, financeira e social".

Além de todos os problemas, o Líbano continua sem um governo estável desde a explosão. No último dia 27 de julho, o presidente Michel Aoun designou o terceiro premiê interino desde a tragédia para tentar formar uma coalizão.

Logo após a explosão, o então primeiro-ministro, Hassan Diab, renunciou ao cargo. Desde então, foram nomeados o ex-embaixador em Berlim Mustapha Adib e o ex-premiê Saad Hariri, mas ambos fracassaram por conta de divergências políticas e religiosas.

O poder no Líbano é dividido de forma sectária, sendo que o presidente sempre é um cristão maronita; o premiê, um muçulmano sunita; e o chefe do Parlamento; um muçulmano xiita. Os próprios parlamentares são divididos, sendo 50% cristãos e 50% muçulmanos.

Ansa - Brasil   
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