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Ex-juiz do Supremo venezuelano foge e acusa Maduro

7 jan 2019 - 08h36
(atualizado às 09h26)
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Um ex-juiz da Suprema Corte da Venezuela que desertou e fugiu para os Estados Unidos pediu no domingo que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, não assuma um novo mandato no dia 10 de janeiro, considerando que foi reeleito em uma votação que não foi livre e que não teve garantias legais.

Christian Zerpa, que foi membro da Sala Eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, abandonou o cargo em meio a uma crescente pressão internacional contra Maduro, dias antes do presidente da Venezuela assumir novo mandato após processo eleitoral rejeitado por diversos países.

Prédio da Suprema Corte da Venezuela, em Caracas
Prédio da Suprema Corte da Venezuela, em Caracas
Foto: Marco Bello / Reuters

"Decidi junto com a minha família sair da Venezuela para negar, de uma forma ou de outra, o governo de Nicolás Maduro", disse Zerpa em entrevista ao canal EVTV Miami, transmitido pela internet ou por TV a cabo.

"Eu considero que o presidente Nicolás Maduro não merece uma segunda oportunidade uma vez que a eleição da qual ele supostamente saiu eleito não foi uma eleição livre, não foi uma eleição competitiva", acrescentou.

O governo venezuelano ratificou na sexta-feira que Maduro assumirá seu segundo mandato e tomará posse em 10 de janeiro ante o Supremo Tribunal de Justiça, e não no Congresso. Zerpa deveria participar dessa cerimônia.

A principal corte do país afirmou no domingo, em comunicado publicado em redes sociais, que Zerpa, que chamou de ex-juiz, está sendo investigado desde 2018 por "assédio sexual, atos obscenos e violência psicológica".

Zerpa disse que não denunciou as eleições de maio de 2018 antes pelo risco de ser perseguido e preso e, por isso, esperou para fazê-lo quando já havia deixado a Venezuela com sua família.

Durante anos, Zerpa foi uma figura-chave do governo Maduro no Supremo Tribunal, que tem apoiado o governante Partido Socialista em todas as disputas legais desde que o sucessor de Hugo Chávez chegou ao poder.

O ex-juiz afirmou nos Estados Unidos que não há separação de poderes na Venezuela e que algumas decisões são ordenadas direto do palácio do governo.

"O TSJ não atua com nenhum tipo de independência e, por isso, é um apêndice do Executivo", disse Zerpa na entrevista.

O Ministério de Comunicação e Informação da Venezuela não respondeu de imediato a pedido de comentários sobre o assunto.

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