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Europa

WikiLeaks: acusado de espionagem pelos EUA faz fuga por Moscou

23 jun 2013 - 12h10
(atualizado às 13h49)
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Edward Snowden é acusado de espionagem, roubo e uso indevido de propriedade do governo dos EUA
Edward Snowden é acusado de espionagem, roubo e uso indevido de propriedade do governo dos EUA
Foto: AP

O ex-consultor da CIA, Edward Snowden, chegou neste domingo à tarde em Moscou após deixar Hong Kong em um voo comercial russo, de acordo com a companhia aérea Aeroflot, em uma tentativa de chegar a Venezuela e evitar o pedido de extradição dos Estados Unidos, que o acusa de espionagem. A chegada do voo Aeroflot SU213 foi anunciada às 17h local (8h no horário de Brasília) no aeroporto internacional Cheremetievo da capital russa.

O WikiLeaks, organização fundada por Julian Assange, prestou apoio a Snowden e indicou em um comunicado que o ex-agente americano viaja "com destino a uma nação democrática, passando por uma rota segura para buscar asilo". Snowden estaria acompanhado de "assessores jurídicos do WikiLeaks".

De acordo com fontes da companhia russa Aeroflot, citada por agências de notícias russas, Snowden viajará para Caracas com escala em Moscou e Havana. O governo de Hong Kong Declarou não ter "bases legais" para evitar a partida do ex-consultor de 30 anos, justificando que o governo dos Estados Unidos, que o acusa de espionagem, roubo e uso indevido de propriedade do governo, não entregou até a sexta-feira informações suficientes para justificar a sua detenção e eventual extradição.

Em seu comunicado a organização de Assange, que se refugiou na Embaixada do Equador em Londres, cita o ex-juiz Baltasar Garzón, que declarou que estar interessado "em preservar os direitos de Snowden", assim como protegê-lo como "pessoa". "O que tem acontecido com Snowden e Assange (...0 é uma agressão contra o povo", ressaltou.

"Snowden deixou voluntariamente Hong Kong hoje em direção a um terceiro país de forma legal", indicou em um comunicado o porta-voz do governo, sem confirmar seu destino. O comunicado acrescenta que os Estados Unidos foi informado desta partida.

Em Moscou, citando fontes da companhia aérea Aeroflot, agências de notícias russas disseram que seu destino final é a Venezuela. "Um passageiro com este nome chegará hoje em Moscou no voo SU213 vindo de Hong Kong, e amanhã, 24 de junho, ele irá partir no voo SU150 para Havana", indicou a fonte citada pela agência Itar-Tass, acrescentando: "no mesmo dia, ele deixará a ilha em direção a Caracas em um voo local".

A agência russa Ria Novosti indicou que no terminal F do aeroporto onde o avião de Snowden aterrissou, um veículo da embaixada do Equador podia ser visto. O porta-voz do presidente russo Vladimir Putin, Dmitry Peskov, disse que não sabia nada sobre a chegada do ex-agente, que vazou para a imprensa informações sobre programas do governo dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha para monitorar telefonemas e acessos à internet.

Snowden chegou a mencionar a possibilidade de pedir asilo político à Islândia, onde operam organizações em defesa dos direitos civis em relação ao monitoramento de dados privados por parte dos governos. Desde 5 de junho, quando foram publicados os primeiros artigos nos jornais The Guardian e The Washington Post, Snowden revelou muitos detalhes sobre o monitoramento realizado pela NSA nos Estados Unidos e no exterior.

WikiLeaks ajudou Snowden a deixar Hong Kong "de forma segura":

No domingo, o Sunday Morning Post assegurou que a NSA interceptou "milhões" de mensagens de texto enviadas pela rede de telefonia móvel chinesa. A China reagiu fortemente a esta última informação. A agência Nova China chamou os Estados Unidos de o "maior vilão do nosso tempo" em termos de ciberataques. Estas acusações "mostram que os Estados Unidos, que tentaram por muito tempo apresentar-se como uma vítima inocente de ataques cibernéticos, têm-se revelado o grande vilão do nosso tempo" nesta área, de acordo com a agência oficial chinesa.

A NSA, segundo Snowden, também hackeou em 2009 os servidores da Pacnet, uma empresa com sede em Hong Kong, que administra a rede de fibra óptica mais extensa da região, bem como a prestigiada Universidade de Tsinghua, em Pequim, onde estão localizadas as seis principais redes através das quais se pode acessar informações na internet de milhões de chineses.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos declarou neste domingo que irá pedir a cooperação das autoridades judiciárias dos países para os quais o ex-consultor da NSA poderia buscar asilo. E o diretor da agência, o general Keith Alexander, anunciou a implementação de novas medidas de segurança para impedir o vazamento de informações.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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