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Europa

Mesquita de cidade-natal de terrorista francês diz que ele não a representa

15 nov 2015 - 20h14
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Ismael Omar Mostefai nasceu há 29 anos em Courcouronnes, mas não foi nesta cidade da região de Paris onde adquiriu as ideias radicais que o levaram a cometer, com outros dois cúmplices, um massacre na sexta-feira na casa de shows Bataclan, na capital francesa.

Identificado graças à impressão digital de um dedo que perdeu após detonar seu colete de explosivos, seu rastro se dissipa na cidade que o viu nascer, mas que abandonou há dez anos.

"Se ele tivesse vindo a esta mesquita, não teria feito o que fez", afirmou à Agência Efe o reitor do centro muçulmano da cidade, Khalid Merroum.

À frente de uma das maiores mesquitas da França, Merroum lamenta que atos como os atentados que provocaram pelo menos 129 mortes em seis lugares diferentes da capital francesa manchem a imagem do islã.

"Os jovens que vêm aqui têm às vezes problemas, mas lhes transmitimos valores saudáveis. Se ele tivesse frequentado a mesquita, teria estado em um ambiente melhor", afirmou o reitor.

Merroum acredita que este caso mostra que o problema da radicalização vem da Bélgica, onde segundo ele "alguns imãs" propagam ideias radicais.

Considerado um dos símbolos do islã mais moderado na França, Merroum louva o laicismo como um valor que beneficia sua religião, "porque sem ele não teria sido possível a construção de uma mesquita como esta" em um país de tradição cristã.

O reitor não tem nenhuma lembrança de Ismael, embora o sobrenome lhe soe familiar. "Venho do mesmo bairro", afirmou o religioso nascido em Ceuta e que se mudou para a França no começo dos anos 80 para estudar ciência aeronáutica.

A marca mais próxima do suicida na região é que seu irmão vive na cidade vizinha de Bondoufle, separada de Courcouronnes por uma rua e cujos moradores viram alarmados um impressionante dispositivo policial chegar na noite de ontem. O objetivo era buscar provas na casa do irmão do terrorista, como também fizeram em Romilly-sur-Seine, onde vive o pai de Ismael.

A jornada foi particularmente difícil para Éric. Ele vive em uma casa cuja porta fica de frente para a residência do irmão de Ismael, em um tranquilo bairro de Bondoufle, com casas ajardinadas e não mais de dois andares.

"São pessoas muito amáveis, generosas, quando fazem um jantar e sobra comida, trazem em nossa casa, e nós fazemos o mesmo", disse o vizinho, que reconhece que se surpreendeu com a chegada da polícia.

"Nos separam apenas os 20 centímetros de um corredor, necessariamente há vínculos", acrescentou.

Ele garantiu que seu vizinho é simpático, leva uma vida tranquila, com sua esposa e os três filhos, e trabalha em um turno noturno ajudando deficientes físicos.

O irmão do suicida se apresentou voluntariamente à delegacia de Créteil, a sudeste de Paris, mas os agentes fizeram uma operação de busca e apreensão em sua casa.

"Chegaram entre 20 e 40 agentes e nos impediram de sair de casa, inclusive de acender as luzes. Nos apontaram um laser vermelho quando as acendi para cozinhar", declarou.

Éric disse que seu vizinho é muçulmano praticante, mas duvida que seja radical.

EFE   
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