Macron descumpre prazo para nomeação de novo primeiro-ministro e eleva tensão política na França
Nesta sexta-feira (10), o presidente francês, Emmanuel Macron, não determinou o nome do novo primeiro-ministro de seu governo conforme o próprio prazo estipulado por ele na quarta-feira (8). A imprensa francesa criticou o atraso do anúncio, programado para até as 20h (hora de Paris), que finalmente não aconteceu.
Nesta sexta-feira (10), o presidente francês, Emmanuel Macron, não determinou o nome do novo primeiro-ministro de seu governo conforme o próprio prazo estipulado por ele na quarta-feira (8). A imprensa francesa criticou o atraso do anúncio, programado para até as 20h (hora de Paris), que finalmente não aconteceu.
Durante a tarde, Macron discutiu o impasse sobre a falta de maioria na Assembleia de deputados com líderes centristas, de direita, socialistas, ecologistas e comunistas, convidados por ele para uma reunião no Palácio do Eliseu. Os representantes das siglas França Insubmissa (LFI) e da Reunião Nacional (RN) - respectivamente de esquerda radical e de extrema direita - não foram convidados para o encontro, que durou duas horas e meia. Ao final das conversas, Macron descartou a possibilidade de nomear um premiê de esquerda.
A vacância na chefia do governo eleva as tensões sobre a crise política instaurada desde a renúncia repentina de Sébastien Lecornu, na manhã de segunda-feira (6). Lecornu, homem de confiança de Macron, que chefiava a pasta das Forças Armadas, tentou negociar uma base de sustentação no Parlamento, mas ao final de 27 dias entregou o posto por falta de apoio da oposição. Ele foi o quinto primeiro-ministro desde a reeleição de Macron, em 2022.
Logo após a reunião, socialistas e ecologistas lamentaram terem sido excluídos da escolha de Macron. Alguns políticos deram declarações iniciais indicando possibilidades sobre a escolha presidencial para o cargo de premiê. "O primeiro-ministro não será do nosso campo político", lamentou mais cedo Marine Tondelier, membro do partido Ecologistas e da Nova Frente Popular, da esquerda, que se declarou "chocada" com a atitude do líder francês.
Emmanuel Macron não "deu nenhuma resposta clara", nem "sobre o poder de compra, nem sobre as aposentadorias, nem sobre qualquer outro assunto", lamentou o líder do Partido Socialista, Olivier Faure, aos jornalistas que davam plantão na saída do Eliseu.
Apesar de especialistas descartarem uma dissolução da Assembleia Nacional, Faure deixou clara a possibilidade de censura, pelo PS, de um futuro governo escolhido pelo presidente da República. "Não há nenhuma garantia de que não apresentaremos uma moção de censura", alertou Faure, enquanto aguardava a escolha presidencial. "Não buscamos a dissolução, mas também não a tememos".
Já os dirigentes do chamado "bloco comum", que vai do partido de centro Renascimento, fundado por Macron, aos Republicanos de direita (LR), não se pronunciaram ao deixar o palácio.
A tensão no país aumenta diariamente, diante do impasse político que paralisa os investimentos e causa perdas à economia. O prazo de entrega do orçamento de 2026 na Assembleia, para tramitação até 31 de dezembro, termina na próxima segunda-feira (14).
Guerra pelo poder
Desde a dissolução da Assembleia provocada por Macron e das eleições antecipadas ocorridas em meados de 2024, o Parlamento francês se encontra dividido em três blocos polarizados, que travam uma guerra pela conquista do poder.
Nem a esquerda, nem o centro, nem a direita têm interesse neste momento em negociar uma aliança que reúna pelo menos 289 deputados, o número mínimo necessário para a formação de um governo estável. Todos estão de olho nas eleições municipais de 2026 e não querem perder eleitores se associando a um novo governo sob as ordens de Macron, cujo índice de popularidade caiu para 14%.
"Evitar a dissolução"
Negando a possibilidade de renúncia, a equipe de Emmanuel Macron confirmou "um caminho possível para construir compromissos e evitar a dissolução".
"É com base nisso que, a partir de agora, ele assumirá suas responsabilidades nomeando um primeiro-ministro", acrescentou um membro da equipe presidencial, sem dar mais detalhes sobre o prazo para essa nomeação, nem sobre o perfil do futuro chefe de governo.