PUBLICIDADE

Mundo

Igreja abrirá arquivos secretos de Pio 13 e agrada judeus

Alguns grupos judaicos dizem que o papado de Pio 13 (1939-1958), não fez o suficiente para ajudar os perseguidos da Alemanha nazista

4 mar 2019 - 13h28
(atualizado às 15h34)
Compartilhar
Exibir comentários

Dizendo que "a Igreja não tem medo da história", o papa Francisco anunciou nesta segunda-feira que planeja abrir inteiramente os arquivos secretos do Vaticano relativos ao papado de Pio 13 durante a guerra, um gesto de importância histórica que os judeus pleiteiam há décadas.

Muitos deles dizem que Pio 13, que reinou de 1939 a 1958, não fez o suficiente para ajudar aqueles que enfrentavam a perseguição da Alemanha nazista. A decisão de Francisco foi saudada por grupos judeus e por Israel.

Papa Francisco em audiência sobre os Arquivos Secretos do Vaticano 04/03/2019. Mídia do Vaticano/Distribuído via REUTERS
Papa Francisco em audiência sobre os Arquivos Secretos do Vaticano 04/03/2019. Mídia do Vaticano/Distribuído via REUTERS
Foto: Reuters

O Vaticano sustenta que Pio 13 decidiu trabalhar nos bastidores, receoso de que uma intervenção pública piorasse a situação de judeus e católicos em uma Europa em guerra dominada por Hitler.

Em um discurso a membro dos Arquivos Secretos do Vaticano, Francisco anunciou que os registros serão abertos em 2 de março de 2020, acrescentando que o legado de Pio 13 vem sendo tratado com "algum preconceito e exagero".

A medida poderia eventualmente acelerar a canonização de Pio 13.

O Comitê Judeu Americano (AJC), que vem pedindo a abertura dos arquivos há mais de 30 anos, disse que a decisão de Francisco é bastante significativa.

Estudiosos agora podem avaliar objetivamente "o registro histórico da mais terrível das épocas para reconhecer tanto as falhas quanto os esforços valorosos feitos durante o período da Shoah", disse o rabino David Rosen, diretor internacional de Assuntos Interreligiosos do AJC, à Reuters por email.

Shoah é a palavra hebraica para o Holocausto, no qual cerca de seis milhões de judeus foram assassinados.

"Estamos satisfeitos com a decisão e esperamos que ela permita o livre acesso a todos os arquivos relevantes", disse o embaixador de Israel no Vaticano, Oren David, à Reuters.

"Período triste e sombrio"

O papa disse no discurso que Pio 13 teve que conduzir a Igreja durante um dos "períodos mais tristes e sombrios do século 20".

Ele disse ter confiança de que "uma pesquisa histórica séria e objetiva permitirá a avaliação (de Pio 13) sob a luz correta", incluindo uma "crítica apropriada".

A polêmica a respeito das ações de Pio 13 durante a guerra eclodiu em 1963, quando o dramaturgo alemão Rolf Hochhuth escreve o drama controverso "O Vice, Uma Tragédia Cristã", em que acusou o pontífice de silenciar diante do Holocausto.

Veja também:

Papa celebra 1ª missa na Península Arábica:
Reuters Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Compartilhar
Publicidade
Publicidade