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Europa

Filho de William e Kate moderniza família real britânica, diz sociólogo

7 jul 2013 - 09h28
(atualizado em 9/9/2013 às 15h49)
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A expectativa pelo novo herdeiro da coroa britânica tem aumentado no Reino Unido. Tabloides ingleses especulam que o nascimento do primeiro filho do Príncipe William e de Kate Middleton, Duquesa de Cambridge, deva ocorrer pelo dia 13 de julho. 

A chegada do bebê mexe não apenas com a linha sucessória ao trono britânico – deixando seu tio, Príncipe Harry, em quarto lugar –, mas também marca a alteração de uma tradicional regra da monarquia no Reino Unido. O futuro rei (ou rainha) de um dos países mais influentes do mundo suscita perguntas além do sexo da criança ou de qual será seu nome: a Rainha Elizabeth II, que vive um momento de grande popularidade, poderia abdicar? Como se prepara um monarca nos dias de hoje?

Em entrevista ao Terra, o Dr. Gëzim Alpion, especialista em sociologia do sucesso e da fama da Universidade de Birmingham, na região central da Inglaterra, comenta algumas dessas questões.  

Souvernirs relacionados ao filho de William e Kate já podem ser encontrados nas lojas britânicas
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Foto: AFP
Terra - Como a chegada do novo herdeiro muda a linha sucessória para o trono britânico?

Dr. Gëzim Alpion – Antes de outubro de 2011, de acordo com as regras, se o primeiro a nascer fosse uma menina, então era o filho homem que sempre herdava a coroa. Conforme a alteração nas regras de sucessão, agora mesmo se o primogênito de William e Kate ser uma menina, ela terá preferência para herdar o trono. O Príncipe Charles é o primeiro na linha sucessória, seguido do Príncipe William. Estamos testemunhando um outro passo na modernização da família real britânica, um processo que começou imediatamente após a morte de Diana, em 1997. 

Terra - Há quem apoie a ideia de que o Príncipe William seja o próximo rei, ao invés de seu pai, Charles. A chegada de um novo herdeiro pode influenciar isso?

Dr. Alpion – Existem vozes que preferem Charles, mas há regras e regulamentos aos quais a família real deve obedecer. Neste sentido, não importa a preferência das pessoas. Há um limite para o que a família real pode ou não fazer para permanecer com boa popularidade. No entanto, não me surpreenderia se, em alguns anos, a Rainha decidisse seguir os exemplos recentes da Holanda e da Bélgica, onde os monarcas passaram o poder para seus filhos. Receio que o Príncipe William tenha que esperar um pouco mais (risos).      

As vendas devem render milhões de libras à realeza britânica
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Foto: AFP
Terra - A chegada de um bebê melhora a imagem da família real? 

Dr. Alpion – É um evento importante para o Reino Unido e para o Commonwealth (grupo de 54 países que tem a atual rainha britânica como chefe de Estado), porque esse bebê será o futuro monarca deles. No entanto, temos que ver no contexto de duas questões. A primeira é a contínua modernização da família real. Temos que ver a lição aprendida como resultado da morte de Diana. Os príncipes William e Harry foram criados mais ou menos do modo que a mãe gostaria, mais próximo das pessoas. Eles vivem uma vida completamente diferente do que o resto de nós. O casamento de William com uma plebeia – Kate Middleton, diferente de Lady Diana, não vem de um background privilegiado – é uma fase nessa modernização. Agora que as regras de sucessão mudaram, permitindo uma menina, se for a primogênita, se tornar a futura monarca, isso mostra ainda uma nova etapa. Uma monarquia em uma democracia parlamentar parece estranho, mas isso é o que a instituição da monarquia está fazendo para se tornar aceitável para o establishment e para o povo. O segundo contexto em que podemos ver esse nascimento é o comercial. Os souvenires valem bilhões e milhões de libras. Como qualquer grande ocasião real, é uma justificativa para negócios financeiros. Não vejo nada errado com isso, desde que não seja exagerado.        

Com o nascimento do filho de William e Kate, Harry será o quarto na sucessão ao trono
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Foto: AFP
Terra - Os paparazzi têm sido mais gentis com Kate Middleton do que foram com Diana. Ou é muito cedo para afirmar isso?

Dr. Alpion – Absolutamente. A morte de Diana, a meu ver, é um ponto de virada, não somente para os paparazzi, mas mesmo para cientistas sociais e sociólogos, que se voltaram para entender o que realmente estava acontecendo com a família real desde o final da década de 90. Houve um entendimento entre a mídia e a família real que, sim, essas pessoas são públicas, mas têm o direito a alguma privacidade. Vejo uma compreensão mais madura por parte da mídia para tratar a realeza com respeito e com certa deferência.

Terra - Como uma criança é preparada para ser rei ou rainha nos dias de hoje?

Dr. Alpion – Estamos falando de uma criança muito especial que, por nenhum mérito próprio, será enormemente popular e uma figura pública quando ela ainda não tiver ideia do que é este mundo e o que está acontecendo. Ela terá uma criação privilegiada como nenhuma outra criança no mundo. Com o exemplo dado por sua avó, Diana, suponho que veremos um maior esforço por parte dos pais para que essa criança seja o mais consciente possível das responsabilidades que estarão pela frente, para prepará-la a assumir o papel futuramente. Claro, os privilégios estarão lá, mas espero que estará mais próximo ao que significa exatamente ser um membro da realeza no século XXI. Os dias em que os reis viviam em uma torre, afastados do povo, estão acabados. Esse tipo de proximidade com os súditos é essencial à sobrevivência da família real. 

Fonte: Especial para Terra
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