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Europa

Estudantes brasileiros são os piores em compreensão financeira, segundo OCDE

24 mai 2017 - 15h07
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Os estudantes do Brasil ficaram em último entre os 15 países estudados no relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA, sigla em inglês) dedicado à compreensão financeira elaborado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e cujos resultados foram publicados nesta quarta-feira.

O Brasil é o país com a média mais baixa, já que cerca de 53% dos alunos "não atingiram o nível básico" de conhecimentos financeiros entre os 15 estudados, atrás de Peru (48%) e Chile (38%), segundo o relatório da OCDE, no qual as quatro províncias da China analisadas - Pequim, Xangai, Jiangsu e Cantão - tiveram a melhor média, com 9%.

O relatório associa a habilidade financeira dos alunos ao desejo de terem maior formação acadêmica ou à intenção de economizar antes de se endividarem.

"O PISA 2015 mostra que os estudantes estão longe de atingir um mínimo de compreensão financeira, até mesmo em países e economias como Austrália, Itália, Holanda, Polônia e Estados Unidos", indicou o secretário-geral da OCDE, o mexicano Ángel Gurría.

" Estes alunos não conseguem perceber como funciona um simples orçamento ou entender a relação entre o que custa comprar um veículo e as despesas envolvidas nessa compra", acrescentou Gurría.

No relatório, realizado com estudantes de 15 anos, participaram a região flamenga da Bélgica, sete regiões do Canadá, Holanda, Austrália, Estados Unidos, Polônia, Itália, Espanha, Eslováquia e Chile, todos estes países da OCDE, além das quatro províncias chinesas mencionadas, Rússia, Lituânia, Peru e Brasil.

Os três países latino-americanos registraram os piores números em competência financeira, o que ficou demonstrado em vários indicadores.

Os três países estão longe da média geral da OCDE (22%), já que 53% dos estudantes do Brasil, 38% do Chile e 48% do Peru "não alcançam o nível básico" em conhecimentos financeiros.

Além disso, apenas 3% dos estudantes brasileiros e chilenos e 1% dos peruanos demonstraram "rendimento de destaque" em competência financeira, o que significa saber "analisar produtos financeiros complexos" e "resolver problemas financeiros não rotineiros".

Em relação ao gênero, os meninos e as meninas dos três países latino-americanos apresentam "o mesmo nível médio de rendimento em compreensão financeira".

Já a camada socioeconômica, no entanto, tem peso determinante no conhecimento financeiro, já que os jovens das classes mais favorecidas obtêm avaliações mais altas que a dos alunos mais pobres.

A diferença é menor no Brasil (78 pontos) do que no Chile (103) e no Peru (117).

Dentre os três países analisados, o Brasil foi quem apostou há mais tempo pela educação financeira formal integrada nos sistemas de ensino.

O governo brasileiro implementou no período 2010-2011 um projeto piloto em 800 escolas secundárias de seis estados, cujos alunos responderam com uma média mais alta de compreensão financeira que se refletiu em "uma maior tendência à economia" do que seus pares que não passaram pelo programa experimental.

No Chile, a educação financeira não está presente no currículo escolar e no Peru questões de economia e educação financeira começaram a ser incorporadas no ano de 2016.

Segundo o estudo, a destreza em matemática e leitura e a transmissão de valores dos pais para os filhos também contribuem para uma melhor compreensão financeira.

No Chile, por exemplo, discutir sobre temas de dinheiro com os pais está associado "a um maior nível de conhecimento financeiro".

O relatório conclui que é importante incluir as habilidades financeiras nas políticas públicas pois os estudantes menores de idade terão que tomar decisões "muito cedo", que terão consequências financeiras "no longo prazo ".

Por isso, o relatório sugere que é preciso analisar as necessidades dos estudantes com baixo rendimento e abordar as desigualdades socioeconômicas de "forma precoce", entre outros aspectos.

EFE   
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