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Europa

Declarações de Renzi aprofundam crise no PD

Ex-primeiro-ministro rejeitou aliança com o M5S

30 abr 2018 - 19h59
(atualizado em 1/5/2018 às 11h29)
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As declarações do ex-primeiro-ministro da Itália Matteo Renzi negando a hipótese de apoiar um governo do Movimento 5 Estrelas (M5S) aumentaram a crise no Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, que se divide entre se aliar ou não à legenda antissistema.

Apesar de ter renunciado à liderança do PD por causa de sua derrota nas eleições de 4 de março, Renzi segue sendo a principal liderança da sigla e controla boa parte de seu diretório, que se reunirá na próxima quinta-feira (3) para decidir se aceita a oferta de negociação do M5S.

Matteo Renzi no programa "Che tempo che fa", da emissora "Rai"
Matteo Renzi no programa "Che tempo che fa", da emissora "Rai"
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Após um longo silêncio, o ex-primeiro-ministro participou de um talk show da emissora "Rai" no último domingo (29) e afirmou, entre outras coisas, que é "impossível" um governo PD-M5S e que seu partido "nunca" daria o voto de confiança a Luigi Di Maio, líder do movimento antissistema.

"Dos 52 senadores do PD, ao menos 48 precisam votar a favor. Eu não conheço nenhum que esteja disponível a dar sua confiança a Di Maio", declarou, acrescentando que o governo deve ser formado pelos "vencedores", ou seja, M5S e a coalizão de direita, liderada por Matteo Salvini.

O posicionamento de Renzi gerou reações entre os principais expoentes do PD, a começar pelo secretário interno do partido, Maurizio Martina, que assumiu o cargo justamente após a renúncia do ex-premier.

"O que aconteceu nas últimas horas é grave, no método e no mérito. Assim o partido arrisca ser extinto e a ter um abismo cada vez maior em relação aos cidadãos e à sociedade. Precisaremos de uma discussão franca, porque é impossível guiar um partido nestas condições", declarou Martina, após ter sido desacreditado publicamente por Renzi.

Suas declarações encontraram eco em figuras de relevo dentro da legenda, como os ministros da Justiça, Andrea Orlando, e dos Bens Culturais, Dario Franceschini, ambos adversários internos do ex-premier. "Martina tem razão: não se pode manter um partido nessas condições", afirmou Orlando.

Já Franceschini foi ainda mais duro e insinuou que Renzi agiu de maneira desrespeitosa. "Um líder respeita uma comunidade mesmo quando não a guia mais", acrescentou. O ex-primeiro-ministro, agora senador, não se abalou com as críticas e disse que tem "o direito e o dever" de ilustrar suas escolhas aos eleitores. "Respeito quem no PD queira governar com o M5S, mas acho que seria um grave erro", reforçou.

Os adversários de Renzi acreditam que sua entrevista à "Rai" foi uma forma de se voltar diretamente para a militância e pressionar os outros membros do diretório do PD em vista da reunião de quinta-feira.

Eleições

A possibilidade de um governo M5S-PD surgiu após o fracasso nas negociações entre o movimento antissistema e o partido ultranacionalista Liga, que se recusou a romper a coalizão de direita com Silvio Berlusconi.

Com o "não" antecipado por Renzi, Di Maio apelou a Salvini para a criação de uma frente que cobre eleições antecipadas já em junho, hipótese que o presidente Sergio Mattarella tenta evitar a todo custo.

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