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Europa

Decisão britânica sobre Síria abala relação com os EUA

30 ago 2013 - 14h58
(atualizado às 16h00)
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A votação dos parlamentares britânicos contra a intervenção militar na Síria deve provocar reações negativas no governo do presidente americano Barack Obama. A tendência dos britânicos sempre foi a de apoiar os Estados Unidos, e a rejeição aos planos de Obama vai deixar marcas.

Antes da votação, o governo americano estava bastante otimista em relação às dificuldades do primeiro-ministro britânico, David Cameron, e a demora britânica em se juntar a uma ação conjunta.

A história agora parece ser diferente, já que o governo britânico, frequentemente apontado como um poodle dos Estados Unidos, anunciou que não participará de uma intervenção militar na Síria.

Guerra civil em fotos
AFP

O Terra compilou alguns dos principais materiais fotográficos disponibilizados ao longo destes mais de dois anos de guerra na Síria. Cada imagem leva a uma galeria que conta um episódio específico ou remete a uma situação importante do conflito.

Um funcionário do alto escalão do governo americano afirmou à BBC que os Estados Unidos vão continuar a consultar o governo britânico, que consideram "um de nossos mais próximos aliados e amigos".

Mas o mesmo funcionário acrescenta: "A tomada de decisão do presidente Obama será guiada observando os melhores interesses dos Estados Unidos. Ele acredita que há questões importantes em jogo para os Estados Unidos e que países que violam as normas internacionais sobre o uso de armas químicas precisam ser responsabilizados."

Em outras palavras, os Estados Unidos podem agir sozinhos. Mas trata-se de um assunto desconfortável. Não há dúvida de que o país tem poderio militar para atacar a Síria, mas esse não é o ponto.

Obama sempre defendeu a busca do mais amplo apoio internacional possível. E ser abandonado por um de seus aliados mais próximos deixa o presidente dos Estados Unidos particularmente exposto.

A expectativa agora é de que seja reforçada a ênfase no papel da França, dos turcos e talvez de outros países em uma intervenção na Síria. Isso fortalecerá a mão daqueles no Congresso americano que argumentam que eles também deveriam realizar uma votação sobre o assunto.

Conteúdo exclusivo
AFP

Acompanhe a cobertura exclusiva do Terra através do trabalho dos jornalistas Tariq Saleh e Mauricio Morales. Sediado no Líbano, país vizinho e sensível à crise síria, Saleh conversou com sírios, visitou refugiados e ouviu analistas para acompanhar o desenrolar de um conflito complexo e com desfecho ainda incerto. Enviado especial para o conflito, Morales passou dias com rebeldes para conhecer sua visão do conflito.

Também dificulta substancialmente o esforço de Obama de obter o apoio da população americana, que, até agora, parece estar pouco impressionada por seus argumentos por uma ação militar (segundo a última pesquisa de opinião, apenas 9% dos americanos concordam com a intervenção).

É provável que muitos funcionários britânicos em Washington tentem reafirmar a seus parceiros americanos que a derrota no Parlamento foi um episódio isolado e que não afetará a relação entre os dois países.

Mas essa relação não se limita à cultura, à história e à língua. Trata-se de uma relação militar e de inteligência acima de tudo. E, se os britânicos não conseguem fazer valer essa aliança, muitos nos Estados Unidos vão passar a se perguntar "o que é tão especial" na relação entre os dois países.

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