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Europa deve proteger comércio com Teerã para salvar acordo nuclear, diz líder supremo do Irã

23 mai 2018 - 20h41
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A maior autoridade do Irã estabeleceu nesta quarta-feira uma série de condições para potências europeias se desejarem que Teerã permaneça no acordo nuclear após a saída dos Estados Unidos, incluindo passos para salvaguardar comércio com Teerã e garantir venda de petróleo iraniano.

Líder supremo do Irã aiatolá Ali Khamenei faz discurso em Teerã
 4/6/2017
Líder supremo do Irã aiatolá Ali Khamenei faz discurso em Teerã 4/6/2017
Foto: Reuters

O presidente dos EUA, Donald Trump, deixou neste mês o acordo nuclear de 2015, que suspendeu sanções sobre o Irã em troca de contenções de seu programa nuclear.

    Potências europeias veem o acordo internacional como a melhor chance de impedir Teerã de desenvolver uma arma nuclear e intensificaram esforços para preservá-lo.

    "Bancos europeus devem salvaguardar comércio com a República Islâmica. Nós não queremos começar uma luta com estes três países (França, Alemanha e Reino Unido), mas tampouco confiamos neles", disse o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, emitindo em seu site condições para salvar o pacto nuclear.

    Ele também estipulou que potências europeias devem proteger vendas de petróleo iraniano de planos norte-americanos de afundá-las ao reimpor sanções globais sobre Teerã, e continuar comprando petróleo iraniano.

    Ele disse que Reino Unido, França e Alemanha devem prometer que não irão buscar negociações sobre o programa de mísseis balísticos do Irã e sobre suas atividades regionais, ambos tópicos fora do pacto nuclear mas agora exigidos por Washington.

    Khamenei disse que durante os últimos dois anos os EUA "têm repetidamente violado" o acordo nuclear, mas que europeus haviam permanecido em silêncio. Ele pediu para a Europa "compensar o silêncio" e "se levantar contra (novas) sanções dos EUA".   

Ele alertou que se europeus não cumprirem estas exigências, o Irã irá retomar seu enriquecimento de urânio, pausado sob o acordo para minimizar o risco de Teerã desenvolver armas nucleares.

    Khamenei também realizou uma crítica renovada à rejeição de Washington do acordo nuclear, dizendo que a saída norte-americana mostrou que a República Islâmica não pode negociar com um país que não honra seus compromissos.

    Em suas primeiras afirmações públicas desde que o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, exigiu que o Irã fizesse mudanças políticas amplas, Khamenei expressou repulsa com o que sugeriu ser a maneira arrogante com a qual o governo Trump havia abandonado o acordo.

    "A República Islâmica não pode negociar com um governo que viola facilmente um tratado internacional, abandona sua assinatura e em ato teatral se vangloria do abandono na televisão", disse em trechos de seus comentários publicados em seu site.

Em uma clara referência às exigências feitas por Pompeo de que a influência de Teerã no Oriente Médio deveria ser contida, Khamenei disse: "A presença do Irã na região... é nossa profundidade estratégica e nenhum governo sensato irá abandonar suas características fortalecedoras".

    Pompeo ameaçou o Irã na segunda-feira com "as sanções mais fortes da história" se o país não diminuir atividades regionais, como apoio a grupos armados no Líbano, Iraque e Iêmen, assim como ao lado do governo na guerra civil da Síria.

    Listando o que chamou de experiências de comportamento do governo dos EUA em relação a Teerã durante décadas, Khamenei disse: "A primeira experiência é que a República Islâmica não pode negociar com a América. Por quê? Porque a América não é leal aos seus compromissos".

    "O Irã estava comprometido com o acordo. Eles (os norte-americanos) não têm desculpa. A Agência Internacional de Energia Atômica verificou repetidamente o comprometimento do Irã. Mas vocês veem que eles (norte-americanos) facilmente cancelaram este acordo internacional".

    "O atual presidente dos EUA terá o mesmo destino de seus antecessores... e irá sumir da história", disse, se referindo a Trump.

Khamenei, embora tenha dito não querer desistências de signatários europeus do acordo nuclear, disse que experiência havia mostrado que França, Alemanha e Reino Unido seguiram Washington nas "questões mais sensíveis".

    A França, uma das diversas potências europeias irritadas com a saída norte-americana do acordo nuclear, disse que o método de Washington de aplicar mais sanções sobre Teerã irá reforçar os linhas-duras dominantes do país, que eram opostos ao pacto desde o início.

    O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, disse ao assessor de segurança nacional de Trump, John Bolton, que a Europa permanece "muito, muito unida" em apoiar o acordo porque teme a proliferação de armas atômicas em seus arredores.

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