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EUA: Moscou mobiliza milhares de reservistas para ofensiva

9 abr 2022 - 18h46
(atualizado às 19h13)
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Porta-voz do Pentágono menciona relatos de dezenas de milhares de reservistas a caminho da região de Donbass, no leste da Ucrânia. Primeiro-ministro britânico e chanceler austríaco visitam Kiev no 45º dia da guerra.As movimentações no 45º dia de guerra na Ucrânia, neste sábado (09/04), trouxeram novos elementos que apontam para um combate mais prolongado e violento no sul e no leste da Ucrânia.

O Ministério da Defesa britânico informou que as atividades aéreas das Forças Armadas russas irão se intensificar nessas duas regiões da Ucrânia, que já enfrentam continuado bombardeios aéreos.

Segundo a inteligência britânica, o foco das forças russas, que se retiraram do entorno de Kiev após diversas derrotas para forças ucranianas, é no momento a região de Donbass, no leste, e as cidades de Mariupol e Mykolaiv, no sul do país invadido.

Segundo a inteligência britânica, o objetivo de Moscou de estabelecer um corredor por terra entre a Crimeia e a região de Donbass, porém, "segue sendo frustrado" pelas forças ucranianas.

As Forças Armadas da Ucrânia informaram que os combates na região do Donbass seguem ocorrendo, e que a Rússia está tentando no momento dominar as cidades de Rubishne, Nizhne, Popasna e Novobakhmutivka e obter o controle total da cidade de Mariupol, que está cercada há várias semanas.

Na sexta-feira, o porta-voz do Pentágono, John Kirby, disse haver relatos de dezenas de milhares reservistas russos sendo enviados para reforçar as unidades próximas à região de Donbass, após Moscou ter perdido muitos militares ao norte de Kiev.

Previsão de combate "sangrento"

Uma autoridade do Ministério da Defesa dos Estados Unidos afirmou na sexta que milhares de militares russos estão sendo mobilizados próximos de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, e na região de Donbass, onde ele prevê uma luta "violenta, muito sangrenta e muito feia".

Segundo o oficial americano, o número de unidades táticas da Rússia na região da cidade russa de Belgorod, próxima à fronteira e de Kharkiv, subiu de 30 para 40 nos últimos dias. A agência de notícias dpa informou que essas unidades têm cada uma de 600 a mil soldados.

Essa autoridade disse haver indicativos de que a Rússia estaria tentando recrutar mais 60 mil soldados para atuarem na guerra.

Segundo o oficial, é provável que haverá longos e intensos combates na região, pelo fato de tanto a Ucrânia como a Rússia conhecerem bem esse território, após anos de conflitos na área. Suas declarações foram publicadas pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que não divulgou seu nome.

Visita de autoridades europeias

Neste sábado, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, fez uma visita supresa a Kiev para se reunir com o presidente ucraniano, Volodomir Zelenski, que mais cedo já havia recebido também o chanceler federal da Áustria, Karl Nehammer.

Johnson demonstrou apoio à Ucrânia contra o que ele chamou de "campanha bárbara da Rússia" e confirmou o envio de "equipamento militar de alta qualidade" no valor de 100 milhões de libras (R$ 611 milhões) para as forças armadas da Ucrânia. O pacote inclui 120 veículos blindados, mísseis antiaéreos Starstreak, 800 mísseis anti-tanque e munições de precisão.

Johnson é o mais recente líder europeu a visitar Kiev neste fim de semana, após a descoberta, há uma semana, de corpos de civis assassinados em cidades das quais os militares russos tinham acabado de se retirar.

Na sexta-feira, estiveram na capital ucraniana a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell.

Envio de armas das Forças Armadas alemãs "no limite"

A ministra alemã da Defesa, Christine Lambrecht, declarou em uma entrevista publicada neste sábado no jornal Augsburger Allgemeine não ver praticamente nenhuma possibilidade de fornecer à Ucrânia mais armas e equipamentos diretamente dos arsenais militares da Alemanha.

Ela disse que, a fim de manter a capacidade de defesa nacional, fornecimentos futuros para o país invadido teriam que partir da própria indústria armamentista. "Para esse fim, estamos nos coordenando continuamente com a Ucrânia. No caso das entregas a partir dos estoques da Bundeswehr [Forças Armadas alemãs], porém, tenho que ser honesta: nós atingimos um limite", afirmou.

Esse posicionamento da ministra da Defesa vem num momento de aumento da pressão sobre Berlim para que apoie materialmente o país sob invasão. Recentemente, Kiev solicitou a transferência de 100 tanques blindados e outros armamentos.

Arrecadação para refugiados e deslocados

Um esforço de arrecadação realizado neste sábado pela organização Global Citizen, pela ONU e pelo governo do Canadá, que contou com celebridades e músicos como Bono, Elton John e Madonna, levantou 9,1 bilhões de euros para apoiar os refugiados e deslocados internos da Ucrânia. O Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento se comprometeu em oferecer mais 1 bilhão de euros para as pessoas que foram forçadas a deixar suas casas, totalizando 10,1 bilhões de euros (R$ 51 bilhões)

O Ministério das Relações Exteriores da Itália também informou que reabrirá a embaixada do país em Kiev após a Páscoa. "Fomos os últimos a sair de Kiev e estaremos entre os primeiros a voltar", afirmou o ministro Luigi Di Maio. "Ao mesmo tempo, precisamos intensificar a pressão diplomática para trazer Putin à mesa de negociações e obter um cessar-fogo."

bl (AFP, AP, Reuters, dpa)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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