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EUA e Rússia entram em confronto na ONU por ataques com armas químicas na Síria

11 abr 2018 - 03h43
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A Rússia e os Estados Unidos entraram em conflito nesta terça-feira no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas por conta da Síria e bloquearam as tentativas um do outro de estabelecer investigações internacionais sobre ataques com armas químicas no país devastado pela guerra.

Conselho de Segurança da ONU se reúne em Nova York
 9/4/2018    REUTERS/Brendan McDermid
Conselho de Segurança da ONU se reúne em Nova York 9/4/2018 REUTERS/Brendan McDermid
Foto: Reuters

Os EUA e outras potências ocidentais estão considerando tomar ação militar devido a um possível ataque a gás venenoso no sábado em uma cidade síria tomada por rebeldes que há tempos têm resistido contra forças do presidente Bashar al-Assad.

A Rússia vetou uma resolução esboçada pelos EUA para criar uma nova investigação para determinar culpa por tais ataques. Os EUA e outros países então bloquearam duas tentativas russas de estabelecer uma investigação diferente que iria exigir que o Conselho de Segurança determinasse responsabilidade.

    Moscou se opõe a qualquer ataque ocidental contra seu aliado Assad. O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, disse que a decisão de Washington de apresentar sua resolução pode ser um prelúdio de um ataque ocidental na Síria.

    "Os Estados Unidos estão tentando novamente enganar a comunidade internacional e estão dando mais um passo em direção ao confronto", disse Nebenzia ao Conselho de Segurança de 15 membros. "Está claro que a medida de provocação não tem nada a ver com o desejo de investigar o que aconteceu".

    Ao menos 60 pessoas foram mortas e mais de mil ficaram feridas no possível ataque com armas químicas no sábado na cidade de Douma, de acordo com um grupo sírio de socorro. Médicos e testemunhas disseram que vítimas apresentaram sintomas de envenenamento, possivelmente por um agente nervoso, e relataram o cheiro de gás cloro.

    A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, disse ao Conselho de Segurança que a adoção da resolução esboçada pelos EUA era o mínimo que os países poderiam fazer.

    "A história irá registrar isto, neste dia, a Rússia escolheu proteger um monstro sobre as vidas do povo sírio", disse Haley, se referindo a Assad.

    Doze membros do conselho votaram a favor da resolução esboçada pelos EUA, enquanto a Bolívia se juntou à Rússia ao votar pelo não, e a China se absteve. Uma resolução precisa de nove votos a favor e nenhum veto de Rússia, China, França, Reino Unido ou EUA para ser aprovada.

A França e o Reino Unido discutiram com o governo Trump sobre como responder ao incidente. Ambos destacaram que o culpado pelo incidente ainda precisa ser confirmado.

O incidente colocou o conflito de sete anos na Síria de volta ao fronte de preocupação internacional e deixou Washington e Moscou um contra o outro novamente.

Agravando a volátil situação na região, o Irã, outro importante aliado de Assad, ameaçou responder a um ataque aéreo contra uma base militar síria na segunda-feira pelo qual Teerã, Damasco e Moscou culparam Israel.

Na Síria, milhares de militantes e suas famílias chegaram em partes tomadas por rebeldes no noroeste do país após entregarem Douma a forças do governo.

A saída dos militantes restaurou o controle de Assad sobre Ghouta Oriental, anteriormente o maior bastião rebelde próximo a Damasco, e deu ao presidente sua maior vitória no campo de batalha desde 2016, quando ele retomou Aleppo.

CHEIRO DE GÁS

A Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), sediada em Haia, informou que a Síria havia sido solicitada a fazer arranjos necessários para o envio de uma equipe de investigação.

"Esta equipe está se preparando para ir à Síria em breve", informou em comunicado.

A missão terá como objetivo determinar se munições proibidas foram usadas, mas não irá atribuir culpa. Médicos e testemunhas disseram que vítimas possuíam sintomas de envenenamento, possivelmente por um agente nervoso, e relataram o cheiro de gás cloro.

O governo Assad e a Rússia pediram para a Opaq investigar as acusações de uso de armas químicas em Douma, uma ação aparentemente com objetivo de evitar qualquer ação liderada pelos EUA.

"A Síria está disposta a cooperar com a Opaq para descobrir a verdade por trás das acusações que algumas partes ocidentais têm feito para justificar suas intenções agressivas", informou a agência de notícias estatal síria, Sana.

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