Em reunião do G7, Joe Biden mantém retirada do Afeganistão
Presidente dos EUA afirmou que seu governo irá seguir a determinação do Pentágono, que é contrária a uma prorrogação do prazo
A cúpula dos chefes de Estado e de governo do G7, que debateu a situação do Afeganistão nesta terça-feira, 24, manteve o cronograma de retirada das tropas ocidentais para o dia 31 de agosto.
Segundo os europeus, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que seu governo irá seguir a determinação do Pentágono, que é contrária a uma prorrogação do prazo, mas que há "planos de emergência" caso a evacuação não seja completada a tempo.
Atualmente, são cerca de cinco mil militares norte-americanos empenhados na operação.
Assim, Biden segue o que o Talibã vem manifestando publicamente, ao dizer que é contrário a uma prorrogação da permanência das tropas ocidentais no território já que a data foi decidida pelos norte-americanos.
O encontro, presidido pelo premiê do Reino Unido, Boris Johnson, ainda discutiu a coordenação das retiradas internacionais e, principalmente, sobre a evacuação de ex-colaboradores. A prioridade da lista teria sido dada para a retirada daqueles que ajudaram a missão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Outro ponto de destaque, dessa vez confirmado publicamente, foi a necessidade de garantir a segurança do aeroporto Harmid Karzai, o principal de Cabul. "Será necessário garantir a segurança por todo o tempo necessário para concluir as operações. Essa foi uma das questões que nós debatemos com os EUA e os outros parceiros", disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, ao sair do encontro.
Pouco antes do fim da reunião, porém, o grupo extremista informou que não permitirá mais que afegãos se dirijam ao aeroporto porque não quer perder pessoas "competentes". Dia após dia, a situação ao redor do local se agrava e, segundo informações locais, mais de 10 pessoas morreram na confusão para entrar no aeroporto.
Coletiva
O anfitrião do encontro virtual, Boris Johnson, ressaltou que os líderes do grupo concordaram com "um roteiro condicional" sobre um possível diálogo com o Talibã e definiram que a "condição número um é que se garanta a existência de um corredor seguro" para todos aqueles que querem deixar o país após 31 de agosto.
Dizendo que cabe a todos serem "realistas" com a situação atual e com o poder assumido pelo grupo, Johnson disse que o G7 tem capacidade de exigir condições após a retirada total.
Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que os líderes não debateram um possível "reconhecimento formal" dos talibãs no poder e que há preocupações sobre o que vai acontecer após o fim deste mês.
No comunicado final, divulgado após a coletiva, além do que os líderes afirmaram em entrevistas, há a menção de que o grupo extremista "será considerado responsável pelas suas ações sobre terrorismo e direitos humanos, em particular, aqueles das mulheres".
"Qualquer futuro governo afegão deve aderir às obrigações internacionais e ao compromisso do Afeganistão para a proteção contra o terrorismo; proteger direitos humanos de todos os afegãos, em particular de crianças, mulheres e minorias étnicas e religiosas; apoiar o estado de direito; consentir o acesso humanitário e sem obstáculos e incondicional; e combater eficazmente o tráfico de seres humanos e de drogas", ressalta o texto.
Os sete chefes de Estado e governo ainda afirmam que o Afeganistão "não deve nunca mais se tornar um refúgio seguro para o terrorismo e uma fonte de ataques terroristas contra os outros".
A frase refere-se ao fato dos fundamentalistas terem abrigado organizações terroristas, como no caso da Al Qaeda, de Osama bin Laden, grupo que realizou o maior ataque do tipo nos EUA na história em 11 de setembro de 2001.