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Eleições nos EUA

Voto latino voltará a ser crucial nas próximas eleições americanas

14 abr 2015 - 19h18
(atualizado às 19h18)
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O disputado voto latino, decisivo para a vitória de Barack Obama nas eleições presidenciais de 2008 e 2012 nos Estados Unidos, voltará a ser crucial em 2016, com dois candidatos de origem hispânica, Marco Rubio e Ted Cruz, e outro "latino honorário", Jeb Bush, prestes a lançar sua candidatura.

Analistas políticos acreditam que os hispânicos que votarem nas eleições de 2016 se guiarão por "programas" e propostas que os beneficiem, e não pelos "sobrenomes" dos candidatos.

"Estas serão as eleições mais emocionantes que acontecerão em muito tempo nos Estados Unidos, em relação ao papel do voto hispânico", garantiu à Agência Efe Adam Segal, diretor do Projeto do Votante Hispano da Universidade Johns Hopkins, em Washington.

Segal fundamenta esta afirmação, em primeiro lugar, "na presença sem precedentes de uma representação tão assombrosa de latinos ou candidatos com experiência hispânica nos Estados Unidos", como é o caso do ex-governador republicano da Flórida, Jeb Bush, um "latino honorário" casado com uma mexicana que fala espanhol e "filhos que se identificam com a cultura latina".

Por sua vez, os senadores também republicanos Marco Rubio e Ted Cruz são "latinos que procedem de diferentes âmbitos sociais e representam a diversidade desta comunidade".

Luis Fleischman, professor de Política da Flórida Atlantic University, fez uma avaliação na mesma linha, de que as próximas eleições vão representar um salto qualitativo no poder de decisão dos cidadãos americanos de origem hispânica.

Fleischman apontou que muitos latinos votarão pela primeira vez e o farão conscientizados por uma crescente opinião pública favorável à implementação de uma reforma migratória integral, única solução de longo prazo para milhões de imigrantes ilegais que vivem no país, e que, no entanto, contou com a oposição furiosa do Partido Republicano.

A batalha entre candidatos republicanos e democratas pelo voto dos eleitores hispânicos promete ser tensa, longa e dura, com os primeiros tentando a ocupar a enorme lacuna aberta nas duas últimas eleições presidenciais.

Se boa parte das eleições de 2008 e 2012 foram cimentadas na importância do voto latino, que foi em massa (75%) para Obama em sua reeleição, os republicanos não têm se mostrado dispostos a ver se repetir este desastre eleitoral em 2016.

A candidata democrata Hillary Clinton, a principal opção de seu partido, realizou uma clara e poderosa aposta ao captar, há anos, os interesses da comunidade latina nos EUA.

"Clinton conta com importantes indivíduos e organizações que desempenham um papel enorme na hora de aumentar a atenção sobre os hispânicos nas últimas duas décadas", e ela mesma, ressaltou Segal, "se conectou em um grande nível com hispânicos, ao ponto de muitos membros de sua equipe de campanha" terem origem latina.

Os candidatos republicanos e democratas sabem que, com um recorde de 11,2 milhões de eleitores latinos nas eleições presidenciais de 2012, esta comunidade se tornou "ainda mais decisiva".

Jorge Luis López, um dos principais doadores e assessor da campanha eleitoral do cubano-americano Marco Rubio (Miami, 1971), destacou o caráter "bicultural" de um político jovem que, para ele, "não só representa o mundo real dos hispânicos, mas o reflete".

Mas, de acordo com Fernand Amandi, da empresa de pesquisa Bendixen & Amandi International, a comunidade latina dará mais atenção, antes de "para um sobrenome hispânico", aos programas e propostas que os beneficiem.

Nesse contexto, tanto Rubio como Bush e Cruz defendem posturas políticas que "os colocam fora da corrente geral de opinião" desta comunidade, e por isso terão que realizar um grande esforço para captar o voto latino.

A sensação geral é que o "voto latino pode ser mais decisivo do que nunca" nas eleições presidenciais de novembro de 2016, que terá mais de 23 milhões de eleitores de origem hispânica.

Um dado revelador da explosiva integração política dos hispânicos está refletida nas estatísticas do Pew Research Center, que contabilizou um aumento de 19,5 milhões para 23,3 milhões no número de latinos aptos a votar entre 2008 e 2012, um aumento de 19%.

"O voto latino é um poder que está aqui, neste país, para ficar", enfatizou Orlando Gutiérrez, diretor do Diretório Democrático Cubano, de Miami, uma das organizações do exílio mais reconhecidas.

Na opinião de Gutiérrez, a comunidade latina já conquistou um importante nível de "maturidade", "valores morais" e poder aquisitivo nos Estados Unidos que a tornou mais consciente de seu peso político para o país.

EFE   
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