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Especialistas pedem que UE revise acordo de fornecimento de remdesivir após resultados de teste

16 out 2020 - 14h06
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A União Europeia deveria renegociar um contrato de 1 bilhão de euros que fechou na semana passada com a Gilead para um fornecimento de seis meses do medicamento remdesivir para Covid-19, após o mesmo mostrar resultados fracos um grande teste, disseram especialistas na sexta-feira.

25/06/2020
REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
25/06/2020 REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
Foto: Reuters

Em um golpe contra um dos poucos medicamentos usados para tratar pessoas com Covid-19, o Teste Solidariedade conduzido pela Organização Mundial da Saúde mostrou na sexta-feira que o remdesivir parecia ter pouco ou nenhum efeito na mortalidade ou tempo de internação hospitalar entre os pacientes com a doença respiratória.

Os resultados do teste foram divulgados uma semana depois que a Comissão Executiva da UE anunciou seu maior contrato até agora com a Gilead, para o fornecimento de 500.000 doses do medicamento antiviral a um preço de 2.070 euros por tratamento, que a Gilead disse ser o padrão para nações ricas.

A Comissão "precisa apresentar as razões por trás da pressa em concluir o último contrato com a Gilead e passar a analisá-lo à luz das conclusões do teste Solidariedade", disse Yannis Natsis, que representa as organizações de pacientes no conselho da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), o órgão regulador de medicamentos da UE.

A UE anunciou em 8 de outubro que assinou o contrato de fornecimento com a empresa norte-americana em nome de seus 27 Estados-membros e 10 países parceiros, incluindo o Reino Unido.

A Gilead sabia sobre os resultados do Solidariedade desde 6 de outubro, disse a OMS, citando as regras de divulgação do estudo Solidariedade.

A Gilead disse à Reuters que havia recebido no final de setembro um "manuscrito fortemente editado" da OMS, que continha informações diferentes do documento final publicado na sexta-feira.

A decisão da Comissão foi tomada depois que os países da UE alertaram sobre a escassez de remdesivir em seus hospitais em meio a um novo surto de infecções por Covid-19 em toda a Europa.

O contrato não obriga os países a comprarem o remdesivir, embora os vincule ao preço acertado.

A Gilead não comentou se o preço do remdesivir para os países ricos poderia mudar após o teste da OMS, e a empresa questionou seus resultados.

"Como o tempo é essencial --estamos em uma situação de emergência de saúde pública-- temos que investir não apenas no desenvolvimento de vacinas, mas também no acesso à terapêutica", disse um porta-voz da Comissão Europeia.

Ele acrescentou que a EMA examinaria os resultados do Solidariedade e os dados disponíveis de outros estudos sobre os tratamentos para Covid-19 "para ver se são necessárias alterações na forma como esses medicamentos são usados".

Mas o porta-voz não comentou se a UE estava ciente dos resultados do Solidariedade antes de assinar o contrato com a Gilead. Ele também não respondeu às perguntas sobre se o preço acertado com a Gilead poderia ser renegociado.

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