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Equador envia ônibus para levar venezuelanos até o Peru antes que entrada no país seja dificultada

Governo equatoriano ajudou 250 venezuelanos a cruzar o território até o país vizinho; muitos também viajam a pé, enfrentando o frio intenso

23 ago 2018 - 12h36
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QUITO - Cerca de 250 venezuelanos que entraram ilegalmente no Equador conseguiram passagem livre para a fronteira peruana dias antes de o governo do Peru colocar em prática as regras mais rígidas para permitir que eles entrem no país.

Na quarta-feira 22, autoridades equatorianas disseram ter despachado ônibus para transportar os imigrantes pelos 840 quilômetros entre a fronteira do norte do Equador com a Colômbia até a divisa com o Peru, na cidade de Huaquillas.

Neste ano, 423 mil venezuelanos entraram no Equador pela fronteira de Rumichaca, muitos planejando seguir para o sul e conseguir trabalho no Peru. Diante do número de migrantes, o governo equatoriano adotou, no sábado 18, uma regra exigindo que venezuelanos apresentem seus passaportes ao entrar no país, e não apenas carteiras de identidade. A medida também entrará em vigor no Peru a partir do próximo sábado, dia 25.

Centenas de venezuelanos que começaram a atravessar a Colômbia a pé ou de ônibus cruzaram o posto de verificação de Rumichaca na terça-feira 21 e decidiram seguir viagem até Huaquillas, andando ou pegando carona, muitas vezes enfrentando o frio intenso.

A venezuelana Maly Aviles, de 26 anos, passou dias na divisa Equador-Colômbia com amigos esperando uma solução para atravessar o país, até que os ônibus chegaram. "Não há retorno. Voltar à Venezuela é suicídio", disse.

Crise

A economia da Venezuela está em declínio acentuado e o país tem ondas periódicas de protestos contra o governo do presidente Nicolás Maduro. O chavismo argumenta que o país é vítima de uma "guerra econômica" liderada pelos Estados Unidos, concebida para sabotar a gestão de Maduro por meio de sanções e da elevação abusiva de preços.

O caos tem forçado muitos cidadãos a deixarem o país em levas para as fronteiras em busca de trabalho, alimento e saúde básica — o que sobrecarregou a assistência social, criou mais concorrência por empregos de baixa qualificação e atiçou o temor de um aumento da criminalidade.

O governador de Pichincha, província do norte do Equador, disse que mais transferências de venezuelanos serão organizadas nos próximos dias. "Os venezuelanos tomaram a decisão de seguir para o Peru, e no Equador devemos garantir seus direitos. É uma crise humanitária", disse ele a uma rádio local.

Dezenas de milhares de venezuelanos também têm seguido para o Brasil, atravessando a fronteira com o Estado de Roraima para fugir da turbulência econômica e política em seu país. O fluxo sobrecarregou os serviços sociais do Estado e causou uma crise humanitária, com famílias dormindo nas ruas em meio à crescente criminalidade e prostituição. / REUTERS

Estadão
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