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Mundo

Emissário de Salvini negociou repasse russo à Liga, diz site

Áudio revela suposta tratativa para desviar dinheiro de petróleo

10 jul 2019 - 11h59
(atualizado às 12h29)
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Um áudio e a transcrição de uma conversa publicados nesta quarta-feira (10) indicam que um emissário do ministro do Interior e vice-premier da Itália, Matteo Salvini, negociou com representantes russos um repasse de US$ 65 milhões para o partido ultranacionalista Liga.

Vladimir Putin durante uma recepção na Itália com os vice-primeiros-ministros Matteo Salvini e Luigi Di Maio
Vladimir Putin durante uma recepção na Itália com os vice-primeiros-ministros Matteo Salvini e Luigi Di Maio
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Os arquivos foram divulgados pelo site BuzzFeed, que diz que o encontro ocorreu em 18 de outubro de 2018, no Hotel Metropol, em Moscou, durante uma visita de Salvini à Rússia.

A conversa reuniu Gianluca Savoini, ex-porta-voz do ministro e responsável por aproximar os partidos Liga e Rússia Unida, do presidente Vladimir Putin - as duas legendas têm um acordo oficial de colaboração.

O encontro também teve a presença de outras cinco pessoas não identificadas, sendo duas italianas e três russas. Salvini não estava presente. No áudio, Savoini diz, em inglês: "No próximo mês de maio teremos eleições na Europa. Nós queremos mudar a Europa. E uma nova Europa deve estar próxima à Rússia, assim como antes, porque queremos retomar nossa soberania. Salvini é o primeiro que quer mudar a Europa".

Segundo o BuzzFeed, o grupo negociou um acordo para enviar, "por meio de um canal secreto", milhões de dólares provenientes dos lucros com petróleo na Rússia para o partido de Salvini. A reunião já havia sido revelada pela revista italiana L'Espresso, mas até então não havia áudio nem transcrições da conversa.

Durante o encontro, os russos elogiam Salvini e o definem como o "Trump europeu". De acordo com o BuzzFeed, uma grande empresa russa venderia ao longo de um ano 3 milhões de toneladas de petróleo à estatal italiana ENI por US$ 1,5 bilhão.

A operação seria feita por meio de uma série de intermediários que, desviando verbas ao longo de cada etapa, criariam um fundo secreto que o site calculou em US$ 65 milhões. A ENI negou envolvimento no suposto esquema e disse que o acordo com a petrolífera russa nunca foi fechado.

Extrema direita

A Rússia já foi acusada inúmeras vezes de financiar partidos de extrema direita e eurocéticos na União Europeia, como o Reunião Nacional, da francesa Marine Le Pen.

Tanto Salvini quanto Le Pen são contra as sanções da UE a Moscou, aplicadas em 2014 por conta da anexação da península ucraniana da Crimeia. Por meio de uma nota, o ministro do Interior da Itália negou ter recebido dinheiro da Rússia.

"Já processei no passado e farei a mesma coisa hoje, amanhã e depois de amanhã. Nunca recebi um rublo, um euro, um dólar ou um litro de vodca de financiamento da Rússia", declarou. O ex-primeiro-ministro e senador Matteo Renzi, por sua vez, cobrou esclarecimentos.

"Ou isso é uma fake news, ou é um furo clamoroso. Usar o petróleo russo para financiar a Liga? Seria inacreditável. O único que pode esclarecer é Salvini. Ele deve esclarecer imediatamente", escreveu o social-democrata no Twitter.

Embora as eleições europeias não tenham tido o avanço eurocético que se imaginava, o pleito transformou a Liga no partido mais popular da Itália, com quase 40% do eleitorado, e sacramentou Salvini como o principal líder de extrema direita na UE.

Ansa - Brasil   
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