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Em grave crise política, Líbano aprova antecipação de eleições

Pleito foi marcado para 27 de março de 2022

20 out 2021 - 09h59
(atualizado às 10h32)
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O Parlamento do Líbano aprovou nesta terça-feira (19) a proposta do novo governo para antecipar em dois meses as eleições legislativas previstas para 2022. Ao invés de ocorrer no início de maio, o pleito será realizado em 27 de março.

Líbano vive grave crise política, econômica e social
Líbano vive grave crise política, econômica e social
Foto: EPA / Ansa - Brasil

A razão oficial para a antecipação é o Ramadã. A celebração islâmica está programada ente os dias 2 de abril e 2 de maio do ano que vem.

Porém, analistas locais afirmam que todos os grandes partidos, que são contestados há cerca de dois anos por protestos nas ruas constantes, em atos que se agravaram após a explosão no porto de Beirute em agosto do ano passado, querem acelerar a votação para poder haver uma disputa com as atuais regras eleitorais.

Assim, com um pleito que legitime as escolhas populares, o país poderia "reconquistar" credibilidade interna e internacional e receber os fundos estrangeiros para ajudar o Líbano a sair da pior crise econômica das últimas décadas.

Um dos principais temas para essa "aceleração" é o direito de voto para os libaneses que moram no exterior, muitos dos quais são solidários com as manifestações populares iniciadas em 2019.

Com base na atual lei eleitoral, aprovada em 2017, as próximas eleições deveriam permitir que os libaneses em outras nações elegessem diretamente seis entre os 128 deputados. Mas, na sessão desta terça, a maioria do Parlamento votou para impedir esse procedimento por conta da "antecipação".

Assim, os "estrangeiros" só poderão votar em candidatos de distritos eleitorais do qual são originários.

Há anos, escândalos de corrupção e de benesses indevidas para funcionários do alto escalão da política libanesa vem sendo revelados. No entanto, após o desastre no porto, que matou mais de 220 pessoas e feriu seis mil, houve uma intensa pressão internacional para que fossem realizadas novas eleições.

Grande parte dos fundos prometidos por governos internacionais está indo para as mãos de instituições e organizações humanitárias para chegar diretamente às mãos da população - sem passar pelo governo.

Desde agosto de 2020, quando o então premiê Hassan Diab renunciou, o Líbano aprofundou sua crise ficando pouco mais de um ano sem o governo consolidado. No período, Mustapha Adib e Saad Hariri fracassam em formar uma base de apoio, algo que só foi atingido em setembro deste ano, quando o novo premiê, Najib Mikati, recebeu o voto de confiança do Parlamento.

O atual chefe de governo, inclusive, é visto como parte dessa classe política que levou o país ao abismo econômico em que se encontra. Mikati, um bilionário de 66 anos, já foi premiê libanês entre 2004 e 2005 e entre 2011 e 2014 e respondeu por nepotismo e corrupção.

Além de tudo, o Líbano é dividido pelo sectarismo religioso, sendo que o Parlamento e os ministérios são divididos igualmente entre muçulmanos e cristãos. Já o presidente precisa ser um cristão maronita, o premiê um muçulmano sunita e o chefe parlamentar um muçulmano xiita. .

Ansa - Brasil   
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