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Em detalhes pouco lisonjeiros, relatório Mueller revela ações de Trump para impedir inquérito

18 abr 2019 - 15h16
(atualizado em 19/4/2019 às 15h18)
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O relatório do procurador especial Robert Mueller sobre o papel da Rússia na eleição presidencial dos Estados Unidos de 2016 detalhou uma série de ações do presidente norte-americano, Donald Trump, para impedir o inquérito, levantando questões se ele cometeu o crime de obstrução de Justiça.

Presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington
18/04/2019
REUTERS/Carlos Barria
Presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington 18/04/2019 REUTERS/Carlos Barria
Foto: Reuters

A divulgação, nesta quinta-feira, do relatório de 448 páginas, que revelou as conclusões de uma investigação de 22 meses, representa um divisor de águas na tumultuada Presidência de Trump.

Democratas disseram que o relatório contém evidências perturbadoras de irregularidades cometidas por Trump que podem levar a investigações parlamentares, mas não houve nenhum indício imediato de que eles tentariam removê-lo do cargo através de um impeachment.

Mueller construiu um caso extenso indicando que Trump havia cometido obstrução de Justiça, mas por pouco não concluiu que ele havia cometido um crime, embora o procurador especial não tenha exonerado o presidente.

Mueller observou, entretanto, que o Congresso tem o poder de avaliar se Trump violou a lei.

"A conclusão de que o Congresso pode aplicar as leis de obstrução ao exercício corrupto do presidente dos poderes do cargo está de acordo com nosso sistema constitucional de pesos e contrapesos e com o princípio de que nenhuma pessoa está acima da lei", afirma o relatório.

Mueller, um ex-diretor do FBI, também descobriu "numerosas ligações" entre o governo russo e a campanha de Trump, mas concluiu que não havia evidências suficientes para estabelecer que a campanha se envolveu em uma conspiração criminosa com Moscou em sua interferência eleitoral.

O relatório, com algumas partes omitidas para proteger informações sensíveis, deu novos detalhes sobre como o presidente republicano tentou forçar a saída de Mueller, orientou membros de seu governo a atestarem sua inocência publicamente e acenou com um indulto a um ex-assessor para evitar que ele cooperasse com o procurador especial.

O relatório observou que alguns assessores de Trump não cumpriram algumas das demandas do presidente, incluindo a de demitir Mueller.

O relatório afirmou que quando Jeff Sessions, antecessor de Barr, disse a Trump em maio de 2017 que um procurador especial estava sendo nomeado pelo Departamento de Justiça para analisar alegações de que sua campanha se mancomunou com a Rússia, o republicano se recostou na cadeira e disse: "Ai, meu Deus. Isso é terrível. Isso é o fim da minha presidência. Estou fodido."

Trump parecia estar em clima de comemoração, dizendo durante um evento na Casa Branca com militares norte-americanos feridos que estava "tendo um bom dia" após a divulgação do relatório, acrescentando: "Isso se chama nada de conluio, nada de obstrução".

Trump, cuja equipe legal chamou o relatório de "uma vitória total" para o presidente, tem há muito descrito o inquérito de Mueller como uma "caça às bruxas".

O relatório de Mueller disse que Trump estava preocupado com o escrutínio do FBI em relação a sua campanha e a ele pessoalmente.

"A evidência indica que uma investigação minuciosa do FBI descobriria fatos sobre a campanha e sobre o presidente pessoalmente que o presidente pode ter acreditado serem crimes, ou que levantariam preocupações pessoais e políticas".

Qualquer esforço de impeachment começaria na Câmara dos Deputados, controlada por democratas, mas a remoção de Trump exigiria o apoio do Senado, controlado por republicanos --um resultado improvável.

O presidente democrata da Comissão Judiciária da Câmara dos Deputados, Jerrold Nadler, disse que iria emitir intimações para obter o relatório de Mueller na íntegra, e convidou Mueller a testemunhar perante o comitê até o dia 23 de maio.

Nadler disse a repórteres em Nova York que Mueller provavelmente escreveu o relatório com a intenção de fornecer ao Congresso um mapa para ações futuras, mas o parlamentar disse que era "muito cedo" para falar sobre um impeachment.

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