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Em bares e reuniões, a diáspora do Brexit se organiza

20 jul 2017 - 12h36
(atualizado às 13h18)
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Robert Anderson estava saboreando uma bebida com um compatriota em uma cervejaria de Munique semanas antes do referendo britânico para a saída da União Europeia quando percebeu que ele e outros britânicos que perderiam muitos direitos teriam de se organizar.

Bandeiras da União Europeia e do Reino Unido REUTERS/Jon Nazca
Bandeiras da União Europeia e do Reino Unido REUTERS/Jon Nazca
Foto: Reuters

O advogado que trata de patentes baseado em Munique está na Alemanha há décadas, vivendo longe de seu país de nascimento com sua família heterogênea e desfrutando de direitos de residência e emprego da UE que ele, como muitos outros, acreditavam irrevogáveis.

Ele se associou de clubes locais, trabalhou com refugiados como voluntário e até serviu como mesário em eleição. "Eu estava vivendo a vida de um alemão, nunca pensei sobre ser britânico", disse ele. "E então você de repente tem que se organizar com outros britânicos para fazer campanha".

O referendo da Grã-Bretanha no ano passado deixou cerca de um milhão de britânicos que vivem na União Europeia em uma incerteza profunda.

Escrevendo cartas, usando as mídias sociais e pressionando os políticos, os expatriados formaram grupos para preservar seus direitos.

"Isso faz você pensar sobre os direitos que você considerava garantidos e são tirados de você", disse Jane Golding, uma advogada de Berlim que preside o grupo Britânicos na Europa, uma coalizão que reúne os grupos surgidos de cidadãos do Reino Unido.

Havia uma grande comunidade britânica na Alemanha "muito antes de os hipsters aparecerem em Berlim", disse Alexander Clarkson, do King's College de Londres. "De repente, por causa do Brexit, os britânicos sentem que sua posição social está sob ameaça".

A Grã-Bretanha e a UE realizaram esta semana a primeira rodada completa de negociações sobre o processo de saída, mas o negociador chefe da UE, Michel Barnier, disse que uma "divergência fundamental" manteve-se com a Grã-Bretanha sobre como proteger os direitos dos expatriados após o Brexit.

Anderson recrutou britânicos para a causa através de grupos do Facebook, fazendo campanha inicialmente para o voto para permanecer na UE e, quando isso falhou, pelos direitos dos cidadãos britânicos.

Este ano, Mark Whiley, especialista em marketing de software, usou anúncios patrocinados do Twitter para atrair 450 pessoas para o Britânicos em Berlim, cujos membros escrevem para os políticos alemães para conscientizá-los sobre a situação.

Muitos dos grupos aderiram ao Britânicos na Europa, que tem organizações e membros em todo o continente. Com especialistas em direito europeu, em marketing e empresários entre os seus membros, eles reúnem diversas habilidades.

A grande variedade de circunstâncias individuais desafia soluções coletivas fáceis para os problemas enfrentados pelos britânicos na UE e os três milhões de cidadãos da UE que vivem na Grã-Bretanha.

A incerteza está forçando muitos a dar grandes passos. No ano passado, 2.865 britânicos obtiveram a cidadania alemã, um salto de 361 por cento ante o ano anterior impulsionado pelo Brexit. Mas isso não soluciona todos os problemas.

"Conseguir a cidadania é uma opção, mas um problema maior para mim é o reconhecimento mútuo das qualificações e dos direitos dos profissionais para praticar a sua profissão", disse Golding, especialista em legislação da UE.

Uma vez que esse reconhecimento não é automático para qualificações de fora da UE, "a cidadania não é uma panaceia para tudo", disse ela.

Para 150 mil britânicos aposentados na Espanha, um medo é que suas pensões podem sofrer após Brexit, outro que os cuidados de saúde podem não estar mais disponíveis. Outros temem que os direitos de aposentadoria acumulados em vários países sejam perdidos.

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