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Mundo

Divergências sobre pesca elevam tensão entre França e Reino Unido

Protesto com mais de 50 barcos franceses durou horas

6 mai 2021 - 10h53
(atualizado às 10h59)
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A tensão entre França e Reino Unido por conta da pesca comercial voltou a ficar alta nesta quinta-feira (6) com um protesto com cerca de 50 barcos franceses próximo à ilha de Jersey, que fica a pouco mais de 20 quilômetros da costa da França e a 140km da britânica.

Protestos com cerca de 50 barcos franceses foi realizado por horas próximo à ilha de Jersey
Protestos com cerca de 50 barcos franceses foi realizado por horas próximo à ilha de Jersey
Foto: Sameer Al-DOUMY / AFP / Ansa - Brasil

As embarcações não chegaram a afetar o trânsito até o porto de Jersey, mas foi uma forma encontrada pelos pescadores de protestar sobre supostas novas exigências dos britânicos para atuar nas águas britânicas no Canal da Mancha.

Os franceses acusam o governo de Jersey de exigir documentos "extras", que não estavam previstos no acordo do Brexit. Segundo a associação que os representa, ainda há lentidão na liberação das licenças, pois apenas 41 das 344 solicitações foram analisadas.

Por conta da tensão local, o governo britânico enviou nesta quarta-feira (5) dois navios-patrulha de sua Marinha (Severn e Tamar) para vigiar a região e evitar que os franceses bloqueiem a entrada do porto. Como resposta, Paris também enviou dois de seus navios e o Eliseu disse que a ação de Londres "não deve intimidar" os pescadores.

Após horas do protesto, os franceses deixaram seus postos depois das lideranças do movimento informarem que as autoridades de Jersey aceitaram negociar sobre o assunto.

O governo local tem forte ligação com Londres e decidiu fazer uma "interpretação mais restritiva" sobre a pesca de barcos dos países da União Europeia no local. Conforme declarou o premiê Boris Johnson, o Reino Unido "garante um apoio sem equívocos" ao local e que o envio dos navios é apenas uma "precaução".

O governo francês, por sua vez, criticou tanto a decisão de restringir os acessos que ameaçou interromper o fornecimento de energia elétrica, vital para o funcionamento da ilha.

Um porta-voz da Comissão Europeia se manifestou nesta quinta-feira e disse que as novas condições impostas por Jersey "não respeitam as disposições do acordo pós-Brexit" sobre a pesca e que "até quando não tivermos recebido posteriores justificativas das autoridades britânicas, recomendamos que não sejam aplicadas".

"Fazemos ainda um apelo à calma e à moderação", acrescentou. De acordo com o porta-voz, no dia 30 de abril, a Comissão recebeu por parte do Reino Unido uma notificação sobre a concessão das 41 licenças para operação a partir de 1º de maio nas águas territoriais de Jersey e que foram colocados requisitos adicionais ao firmado em acordo.

Bruxelas, por sua vez, indicou a Londres que as disposições "não foram respeitadas porque todas as condições adicionais ligadas às concessões precisam ser baseadas em razões claras e científicas e não serem discriminatórias". "O pleno respeito ao acordo para nós é essencial", concluiu.

O acordo sobre a pesca nas águas territoriais britânicas, especialmente, pelos franceses, foi um dos principais entraves para a assinatura do acordo econômico do Brexit - a saída do Reino Unido da UE. Isso porque grande parte dos franceses usam a região para a pesca, mas também porque os trabalhadores do setor britânico poderiam ser duramente afetados se os seus produtos sofressem restrições comerciais no bloco, que é o principal mercado.

Por isso, ficou definido que entre 2021 e 2026 ocorrerá um período de transição, com o corte de 25% das pescas dos países-membros do bloco nas águas britânicas e que isso será decidido ano a ano a partir de então.

Os britânicos, porém, queriam um corte de 60% na quantidade das embarcações europeias - e a UE não queria redução alguma. .

Ansa - Brasil   
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