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Distúrbios no Mundo Árabe

Iraniana é ameaçada por Facebook de mulheres sem véu

Uma conta no Facebook chamada "Nossa liberdade disfarçada" foi criada por repórter iraniana como forma de reflexão sobre leis islâmicas

29 mai 2014 - 09h45
(atualizado às 09h50)
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<p>Página no Facebook revela fotos de mulheres islâmicas que não desejam usar o hijab e despertou a ira de setores mais radicais</p>
Página no Facebook revela fotos de mulheres islâmicas que não desejam usar o hijab e despertou a ira de setores mais radicais
Foto: Facebook / Reprodução

Masih Alinejad, a jornalista iraniana que criou a página de Facebook na qual centenas de mulheres iranianas publicaram fotos com cabelos soltos em locais públicos, violando a exigência de se usar o véu islâmico, foi ameaçada de morte.

Após o sucesso da página "Nossa liberdade disfarçada", que em menos de um mês recebeu cerca de 400 mil curtidas, sua criadora, uma um repórter do Irã exilada em Londres, recebeu centenas de e-mails com insultos e ameaças, algumas delas de morte. 

"Todos os dias recebo e-mails com ameaças, tanto em minha caixa do correio pessoal como na página, além das difamações nos meios de comunicação radicais iranianos, como a agência 'Fars', 'Raja News' e 'Jeibar Online", disse Alinejad à Agência EFE.

<p>Iraniana é ameaçada de morte e diz receber centenas de mensagens por dia dizendo que "deveria ser estuprada" ou que "terá sua cabeça cortada"</p>
Iraniana é ameaçada de morte e diz receber centenas de mensagens por dia dizendo que "deveria ser estuprada" ou que "terá sua cabeça cortada"
Foto: Facebook / Reprodução

"Vamos cortar tua cabeça diante de tua casa, você tem de ser estuprada diante de teu filho e vai morrer em breve" são algumas das mensagens enviadas por usuários anônimos, de acordo com a jornalista.

A iniciativa de Alinejad despertou a ira dos setores mais radicais da sociedade iraniana. Algumas ameaças tem teor religioso, como "Alá vai te matar". Segundo a iraniana, foram publicadas notícias totalmente falsas sobre ela na imprensa de seu país de origem, como a de que ela teria sido estuprada por três homens em Londres.

"Pode não estar de acordo com minhas ideias e discuti-las, mas insultar? Dizer que me estupraram? Publicar que tenho relações sexuais com vários homens fora do casamento? Isto é uma forma de lavar o cérebro das pessoas", defendeu.

"Trato de ignorar, mas, honestamente, às vezes não posso. Publicam coisas sujas. Em algumas ocasiões me assusto, outras não levo a sério e penso que não podem fazer nada", acrescentou.

Masih Alinejad é acusada de arruinar a imagem das mulheres iranianas e de ser "antirrevolucionária" (em referência à Revolução Islâmica) e anti-islâmica.

<p>Jornalista criadora da página, diz que ela serve como maneira de reflexão sobre leis islâmicas de seu país, o Irã</p>
Jornalista criadora da página, diz que ela serve como maneira de reflexão sobre leis islâmicas de seu país, o Irã
Foto: Facebook / Reprodução

A jornalista, no entanto, argumenta que, como profissional da comunicação, tem como obrigação instigar a reflexão sobre a realidade de seu país (para onde não pode voltar).

"Há milhões de mulheres no Irã que não querem usar o hijab (véu islâmico). Como não há formas de ir contra isso, atacam pessoas como eu e prejudicam sua imagem", argumenta.

A jornalista disse ainda que sua página respeita as mulheres que decidem usar hijab, e que não pretende obrigá-las a não usar.

Nas últimas semanas, foram convocadas várias manifestações em Teerã para exigir que governo e a polícia respeitem a lei islâmica e o uso do que consideram um "hijab correto", que cobre completamente corpo, braços, pernas, cabelo e pescoço, ao invés do modelo mais relaxado e revelador, que muitas jovens utilizam com a chegada do calor.

EFE   
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