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Distúrbios no Mundo Árabe

Com aulas proibidas, crianças sírias frequentam escolas clandestinas

Em dois anos, o conflito na Síria deixou mais de 70 mil mortos, 1 milhão de refugiados e 23 jornalistas assassinados

12 mar 2013 - 18h22
(atualizado às 18h27)
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Muitas vezes a artilharia e os bombardeios das forças do presidente Bashar al-Assad atingiram áreas residenciais de Aleppo causando mortes e devastação. Nem as escolas, cheias de crianças, escapavam do conflito. Muitas mães tiveram que buscar seus filhos embaixo dos escombros. Por isso, desde setembro de 2012 os colégios deixaram de funcionar formalmente.

As escolas parcialmente destruídas foram ocupadas pelos rebeldes do Exército Sírio de Libertação. A partir desses lugares, eles lançam ataques contra as posições das forças do regime e vice-e-versa. Os colégios se transformaram em trincheiras da guerra.

Os dias se passaram e chegou o inverno. Alguns professores, desesperados com a situação, buscavam uma forma de trazer os alunos de volta às aulas, com um pouco da normalidade dos tempos de paz. Assim, começaram a dar aulas nas próprias casas.

“Primeiro chegaram três ou quatro crianças, mas quando os vizinhos se deram conta, vieram mais. Eram entre 10 e 15 e minha casa ficou pequena. Foi necessário achar outro lugar”, relata um professor que pede para ter a identidade mantida em sigilo. O regime não permite aulas nas áreas controladas pelos rebeldes.

No começo não havia muitos professores dispostos a dar aulas na clandestinidade, mas com o tempo eles foram aparecendo. Muitas crianças queriam estudar. Das casas dos professores passaram para as mesquitas e, em alguns casos, voltaram aos colégios que ficam situados em zonas controladas pelos rebeldes. Em dezembro passado, essas escolas clandestinas começaram a aparecer em diferentes lugares de Aleppo.

Para estudar, as crianças só precisam se inscrever e, depois, são avaliados para saber em que nível estão. Ainda que esses colégios recebam alunos de todas as idades, a maioria dos estudantes têm entre 4 e 13 anos. Nenhuma mais velho. Não é difícil supor que a guerra trouxe dificuldades para os adolescentes, como ajudar a família ou lutar nas frentes de combate.

Atualmente, na zona controlada pelos rebeldes em Aleppo, há sete escolas funcionando. Mas não são todas as crianças que estão tendo aulas. Para alguns pais a decisão de enviá-los é difícil, já que o medo de novos ataques nos centros educativos persiste. Muitas crianças estão nas ruas, em qualquer esquina. Outros pais sabem que, ainda que exista a possibilidade de não voltar a ver seus filhos, prefere que, ao menos, eles estejam se divertindo e aprendendo junto com outras crianças.

Hoje nenhum lugar é seguro na Síria. O som das explosões ou dos motores dos aviões de combate é onipresente. A morte pode estar em qualquer lugar.

Em Aleppo, durante a última semana de fevereiro, um míssil caiu a poucos metros de uma escola. Outros três, do tipo Scud – cujo impacto pode chegar a destruir cinco prédios -, atingiram outros locais. Há denúncias de bombas de fragmentação em bairros povoados por civis. Nesse momento, o número de vítimas fatais na cidade, por causa da intensificação dos bombardeios, chega a mais de 120 em somente cinco dias.

Fonte: Terra
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