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Mundo

Di Maio cobra partidos italianos: 'Devem falar conosco'

Líder antissistema foi recebido por multidão em berço eleitoral

6 mar 2018 - 20h21
(atualizado às 20h54)
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O candidato a primeiro-ministro do Movimento 5 Estrelas (M5S), Luigi Di Maio, retornou nesta terça-feira (6) para sua cidade e berço político, Pomigliano d'Arco, na região metropolitana de Nápoles, e foi recebido por uma multidão ensandecida com a vitória antissistema nas eleições de 4 de março.

Luigi Di Maio discurso em Pomigliano d'Arco
Luigi Di Maio discurso em Pomigliano d'Arco
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Ignorando o fato de a coalizão de direita, com quatro partidos, ter obtido mais votos, Di Maio subiu no palanque montado em Pomigliano, uma área industrial da periferia napolitana, e reivindicou para si o direito de governar o país, criticando partidos rivais, mas, ao mesmo tempo, mostrando abertura para negociar.

Com 32% dos votos, o M5S precisará angariar o apoio de alguma legenda para conseguir governar, sendo que as únicas que garantiriam maioria ao movimento seriam a Liga Norte (17%), integrante da aliança de direita, e o governista Partido Democrático (PD), de centro-esquerda (19%).

"Não somos uma força territorial, fomos inevitavelmente lançados ao governo neste país. Não somos como outros, que são forças políticas territoriais que estão a 15 pontos de nós", afirmou Di Maio, em recado direto à Liga, a mais cotada como possível aliada do M5S e tradicionalmente identificada com o norte da Itália.

Um entrave para uma possível aliança pode estar no passado de Matteo Salvini, secretário federal da Liga e também postulante à cadeira de primeiro-ministro. Em um comício em 2009, ele cantou uma música racista contra os habitantes de Nápoles. "Sintam o fedor, até os cães fogem, estão chegando os napolitanos", dizia a letra, que fazia referência aos torcedores do Napoli - Salvini é milanista fanático.

No entanto, Di Maio é originário da região metropolitana da principal cidade do sul da Itália, que deu votações expressivas ao M5S. Ainda assim, o líder antissistema preferiu não fechar portas, embora tenha jogado sobre os outros partidos a tarefa de abrir negociações, papel que, no parlamentarismo, cabe ao vencedor.

"Precisaremos eleger os presidentes das câmaras, estamos prontos a um diálogo com todos, mas eles devem vir falar conosco, ou será difícil fazer qualquer coisa nessa legislatura", afirmou Di Maio, ressaltando que o movimento não é "nem de direita, nem de esquerda". "São categorias superadas, e devemos dizê-lo com força, porque é isso que nos fez chegar até aqui", acrescentou.

Embora conversas já estejam em curso, as consultas oficiais com o presidente Sergio Mattarella para a formação do novo governo só devem começar entre o fim de março e o início de abril, após as eleições dos chefes da Câmara e do Senado, quando ficará mais fácil entender a divisão de forças no Parlamento e se alguém é capaz de construir uma maioria.

A sessão de abertura da nova legislatura está marcada para 23 de março.

Ansa - Brasil   
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