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Derrota em primárias abre crise entre Cristina Kirchner e Fernández

17 set 2021 - 11h35
(atualizado às 12h29)
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A derrota do peronismo nas primárias para as eleições legislativas de novembro na Argentina abriu uma crise entre o presidente Alberto Fernández e sua vice e principal fiadora, a ex-mandatária Cristina Kirchner, com trocas de críticas via Internet.

Alberto Fernández foi eleito com apoio de Cristina Kirchner, mas hoje eles estão à beira de rompimento
Alberto Fernández foi eleito com apoio de Cristina Kirchner, mas hoje eles estão à beira de rompimento
Foto: EPA / Ansa - Brasil

A temperatura subiu na última quinta (16), quando Cristina divulgou uma longa carta aberta com críticas à gestão Fernández, a quem acusou de ter ignorado seus alertas sobre as primárias do último fim de semana.

"Sempre alertei ao presidente sobre aquilo que para mim constituía uma delicada situação social e que se traduzia, entre outras coisas, em atraso salarial, descontrole de preços e falta de trabalho. [...] Também assinalei que acreditava que se estava levando a cabo uma política de ajuste fiscal equivocada [...] e que, indubitavelmente, isso ia ter consequências eleitorais", diz a carta da vice-presidente.

Segundo Cristina, ela cansou de avisar Fernández, mas a resposta "sempre foi que não era assim", que ela "estava equivocada" e que o governo venceria as primárias. O resultado da votação de 12 de setembro, no entanto, foi uma vitória maiúscula da oposição, inclusive na província de Buenos Aires, tradicional feudo peronista.

"Sofremos uma derrota sem precedentes", reconhece Cristina, que chamou o resultado de "catástrofe política". A vice-presidente ainda acusou o entorno de Fernández de promover "operações de imprensa" para atacá-la.

Ainda assim, a vice-presidente diz confiar que o mandatário "não apenas vá relançar seu governo", mas também repensar as políticas fiscais do país.

"Fui presidenta por dois mandatos consecutivos. [...] Sei que governar não é fácil, e a Argentina menos ainda. Até tive um vice-presidente declaradamente opositor a nosso governo. Os argentinos e argentinas podem dormir tranquilos, isso nunca vai acontecer comigo. [...] Apenas peço ao presidente que honre a vontade do povo argentino", conclui a carta.

Reação

Não demorou muito para que Fernández reagisse às declarações de Cristina. Em um longo fio no Twitter, o presidente admitiu que o governo deve escutar a "mensagem das urnas" e "atuar com toda a responsabilidade".

No entanto, logo em seguida ele desferiu uma crítica indireta à sua vice. "Eu ouvi meu povo. A arrogância e a prepotência não se aninham em mim. A gestão do governo continuará se desenvolvendo do modo que que considerar conveniente. Para isso eu fui eleito", escreveu.

Em outra mensagem, o presidente ressaltou que "não é tempo de levantar disputas que nos desviem do caminho".

Ansa - Brasil   
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