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Mundo

Criado há 2 meses, movimento das 'sardinhas' mostra força na Itália

Grupo foi crucial para vitória da esquerda na Emilia-Romagna

27 jan 2020 - 09h26
(atualizado às 09h35)
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Até meados de novembro, sardinha era apenas uma espécie de peixe bastante popular em boa parte do mundo. Mas a sempre dinâmica política italiana conseguiu transformar esse nome em um movimento cívico que se mostrou capaz de influenciar até resultados eleitorais.

Protesto das 'sardinhas' em Roma, capital da Itália, em 14 de dezembro
Protesto das 'sardinhas' em Roma, capital da Itália, em 14 de dezembro
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Após uma intensa campanha, a esquerda conseguiu se manter no poder na Emilia-Romagna, um dos bastiões "vermelhos" da Itália e que foi às urnas no último domingo (26), e reconheceu o papel determinante das "sardinhas" no desfecho da votação.

A eleição regional havia sido transformada em uma disputa nacional pelo ex-ministro do Interior Matteo Salvini (Liga), que tentava eleger sua candidata a governadora, Lucia Borgonzoni, para conquistar um histórico território da esquerda e abalar os alicerces que sustentam o primeiro-ministro Giuseppe Conte.

Com a ajuda das "sardinhas", no entanto, o governador Stefano Bonaccini, do Partido Democrático (PD), alcançou 51,42% dos votos, contra 43,6% de Borgonzoni, e se reelegeu para mais cinco anos de mandato.

"Sem a mobilização da sociedade, o PD não teria vencido", reconheceu o vice-secretário do partido, Andrea Orlando, ao responder sobre a importância do movimento para a vitória de Bonaccini. O líder do PD, Nicola Zingaretti, manteve o tom. "Um imenso obrigado às sardinhas", declarou.

Criado por quatro cidadãos na faixa dos 30 anos de idade, o grupo surgiu com o objetivo de evitar um triunfo da extrema direita na Emilia-Romagna e interromper a sequência de vitórias de Salvini em eleições regionais por toda a Itália.

Seu primeiro flash mob, em 14 de novembro, pretendia reunir 6 mil pessoas "espremidas como sardinhas" em uma praça de Bolonha, mas atraiu 13 mil. Desde então, o movimento se espalhou pela região e por outras partes do país.

As "sardinhas" se dizem apartidárias e garantem que não pretendem se tornar uma legenda política, mas têm viés abertamente progressista e defendem a revogação das normas antimigrantes criadas por Salvini em seu período como ministro do Interior (2018-2019).

O próximo passo do grupo é um congresso nacional marcado para 8 de março, quando os membros discutirão a abordagem nas outras eleições regionais que a Itália terá no primeiro semestre. "É hora de fechar as cortinas e trabalhar nos bastidores para preparar um novo espetáculo com todos vocês que não querem ser expectadores comuns", diz uma mensagem postada pelo movimento no Facebook.

Entre maio e junho de 2020, seis regiões da Itália irão às urnas: Campânia, Ligúria, Marcas, Puglia, Toscana e Vêneto. 

Ansa - Brasil   
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