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Coreia do Norte confirma míssil lançado de submarino

KCNA diz que teste "contribuirá para colocar a tecnologia de defesa do país num nível mais alto e melhorar a capacidade da marinha"

20 out 2021 - 06h29
(atualizado às 07h41)
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Após Coreia do Sul relatar lançamento no mar, agência estatal norte-coreana afirma se tratar de um novo tipo de míssil balístico disparado a partir de um submarino. EUA condenam ato "desestabilizador". A Coreia do Norte testou com sucesso um novo tipo de míssil balístico disparado a partir de um submarino, anunciou a imprensa estatal do país nesta quarta-feira (20/10).

Imagem divulgada por agência estatal mostra míssil que Pyongyang descreve como a "arma mais poderosa do mundo"
Imagem divulgada por agência estatal mostra míssil que Pyongyang descreve como a "arma mais poderosa do mundo"
Foto: DW / Deutsche Welle

A Coreia do Sul havia afirmado na véspera que a Coreia do Norte disparou um míssil balístico no Mar do Japão, possivelmente lançado de um submarino.

A agência de notícias estatal da Coreia do Norte, a KCNA, afirmou que o teste "contribuirá enormemente para colocar a tecnologia de defesa do país num nível mais alto e melhorar a capacidade operacional subaquática da marinha". Disparar mísseis a partir de submarinos permitiria lançar ogivas nucleares muito além da península coreana.

Pyongyang havia revelado quatro novos mísseis balísticos lançados a partir de submarino (SLBM, na sigla em inglês) em janeiro, durante um desfile militar, descrevendo a arma como "a mais poderosa do mundo".

Os militares da Coreia do Sul descreveram a arma usada no teste desta terça como um míssil balístico de curto alcance e disseram que o lançamento foi feito em águas próximas ao porto de Sinpo, na costa nordeste da Coreia do Norte. A cidade abriga um importante estaleiro naval, e imagens de satélite mostraram anteriormente submarinos nas instalações.

O teste desta terça-feira foi a quinta rodada de lançamentos de mísseis pela Coreia do Norte desde setembro e ocorreu em um momento em que a Coreia do Norte intensificou a pressão sobre Washington e Seul para abandonar o que Pyongyang vê como políticas hostis, como exercícios militares conjuntos entre americanos e sul-coreanos e sanções internacionais.

Também ocorreu num momento em que o diálogo entre Washington e Pyongyang está travado e em que analistas temem uma corrida armamentista entre as duas Coreias. No mês passado, a Coreia do Sul testou seu primeiro SLBM e também revelou um míssil de cruzeiro supersônico.

EUA e Alemanha condenam teste

As Forças Armadas dos Estados Unidos condenaram o lançamento pela Coreia do Norte e apelaram a Pyongyang para "se abster de novos atos desestabilizadores".

"Estamos cientes do lançamento de um míssil balístico norte-coreano para o Mar do Japão e estamos em consultas com a Coreia do Sul e o Japão", disse, em comunicado, o comando norte-americano do Indo-Pacífico.

"[O acontecimento de hoje] não constitui uma ameaça imediata ao pessoal norte-americano, ao nosso território ou aos nossos aliados", sublinhou.

O governo da Alemanha também disse "condenar veementemente" o teste norte-coreano. "Com esse teste, a Coreia do Norte mais uma vez violou suas obrigações sob relevantes resoluções do Conselho de Segurança da ONU e colocou em perigo a segurança e a estabilidade internacionais e regionais", disse um porta-voz do Ministério do Exterior em comunicado.

Recentes testes de mísseis pela Coreia do Norte "elevaram as tensões políticas de maneira irresponsável", disse o porta-voz, pedindo que a Pyongyang cumpra suas obrigações sob o direito internacional e retome negociações com os EUA e a Coreia do Sul.

Segundo diplomatas, o Conselho de Segurança da ONU vai se reunir nesta quarta para discutir o mais recente teste norte-coreano.

Apesar de sanções internacionais

Sob a liderança de Kim Jong-un, a Coreia do Norte reforçou seu arsenal militar, apesar das sanções internacionais em vigor devido aos programas de armamento nuclear e de mísseis balísticos.

A Coreia do Norte tem efetuado vários testes de armamento nas últimas semanas, entre eles um míssil de cruzeiro de longo alcance, uma arma lançada de um trem e um míssil que Pyongyang identificou como hipersônico.

Sabe-se que Pyongyang vem desenvolvendo mísseis balísticos lançados a partir de submarinos. Dois disparos subaquáticos foram efetuados, em 2016 e em 2019, mas o Pentágono e analistas afirmaram ser provável que tenham partido de uma plataforma submersa.

"O regime Kim está desenvolvendo mísseis balísticos lançáveis a partir de submarinos porque quer um dissuasor nuclear mais potente, com o qual seja capaz de chantagear seus vizinhos e os Estados Unidos", analisa Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, em Seul.

"O SLBM da Coreia do Norte está provavelmente longe de ser usado operacionalmente com uma ogiva nuclear, mas, politicamente, Kim não pode se dar ao luxo de parecer ficar para trás em uma corrida armamentista regional", afirma Easley.

Tensão com os EUA

Pyongyang afirma que precisa de seu arsenal para se defender de uma possível invasão dos Estados Unidos, aliados da Coreia do Sul. Na semana passada, Kim responsabilizou os EUA pela tensão na península coreana e afirmou que Washington é a "causa profunda" da instabilidade na região.

Em 2018, Kim tornou-se o primeiro líder norte-coreano a reunir-se com um presidente americano em exercício. Mas as conversações fracassaram numa cúpula com Donald Trump, em Hanói, em 2019, por não ter sido possível um acordo sobre o programa nuclear norte-coreano.

Washington tem manifestado, em diferentes ocasiões, vontade de se reunir com representantes norte-coreanos, em qualquer momento e em qualquer lugar, sem condições prévias.

Em 2017, Pyongyang testou mísseis capazes de alcançar toda a parte continental dos EUA e realizou sua mais potente explosão nuclear.

lf (AP, AFP, Lusa, Efe)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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