PUBLICIDADE

Mundo

Comunidade internacional se divide sobre crise na Venezuela

Oposição informou hoje que Forças Armadas abandonaram Maduro

30 abr 2019 - 12h00
(atualizado às 14h50)
Compartilhar
Exibir comentários

A comunidade internacional está novamente dividida em relação à crise na Venezuela, logo após o anúncio feito nesta terça-feira (30) pelo autoproclamado presidente Juan Guaidó de que as Forças Armadas estariam ao seu lado, em oposição ao regime de Nicolás Maduro.

Venezuela registra novos protestos nesta terça-feira
Venezuela registra novos protestos nesta terça-feira
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Países que já reconhecem a autoridade de Guaidó, como Brasil e Estados Unidos, comemoraram a possibilidade de militares venezuelanos se aliarem à oposição. Já as nações que mantêm o apoio a Maduro, como Cuba, Rússia e Bolívia, acusam a oposição de dar um golpe.

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, garantiu o suporte de Washington ao que chamou de "busca pela liberdade e democracia". "A democracia não pode ser derrotada. O Exército deve proteger a Constituição e o povo", afirmou.

O Brasil, através do ministro das Relações Ernesto Araújo, disse esperar que os militares "apoiem a transição democrática" na Venezuela e garantiu que está acompanhando o desenrolar da crise "minuto a minuto".

"Hoje, 30 de abril, é um momento histórico para o retorno à democracia e à liberdade na Venezuela, que o Parlamento Europeu sempre apoiou. A libertação do vencedor do Prêmio Sakharov Leopoldo López pelos militares é uma grande notícia. Adiante com a Venezuela livre", escreveu, por sua vez, o presidente do Parlamento Europeu, o italiano Antonio Tajani, via Twitter, referindo-se à saída do líder opositor venezuelano da prisão domiciliar, o que poderia representar um alinhamento militar contra Maduro.

Oficialmente, porém, a União Europeia fez um apelo contra a violência nos protestos na Venezuela e pela convocação de novas eleições. "Diante das informações que estão chegando nesse momento sobre os acontecimentos na Venezuela, seguimos a evolução do caso e preferimos não comentar", disse um porta-voz do bloco. "Ressaltamos, porém, a nossa posição sobre a necessidade de encontrar uma solução pacífica e política para a crise na Venezuela, através de eleições justas".

A Espanha, que foi um dos primeiros países a apoiar Guaidó como presidente autoproclamado e interino, também exigiu novas eleições. "Não apoiaremos um golpe de Estado na Venezuela. Defendemos um processo democrático pacífico e pedimos a imediata convocação das eleições", afirmou Isabel Celaá, porta-voz do premier espanhol, Pedro Sánchez.

Assim como já havia fazendo, o governo da Itália preferiu não tomar posições oficialmente. "Expressamos profunda preocupação com a tentativa de golpe de Estado em curso na Venezuela e pelos riscos de derivar uma violenta crise política que, como várias vezes alertou o governo italiano à UE, deveria ser resolvida com o diálogo e a convocação de novas eleições", disseram membros do partido governista Movimento 5 Estrelas (M5S) na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

O vice-premier e ministro do Interior Matteo Salvini, por sua vez, defendeu a queda do "ditador" Nicolás Maduro. "Pelo bem do povo venezuelano e dos muitíssimos italianos que há anos sofrem por culpa de um dos últimos regimes comunistas na face da terra, desejo uma solução pacífica e não violenta da crise e que leve a eleições livres para afastar o ditador Maduro", disse.

Já o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu "máxima moderação" para evitar uma escalada da violência na Venezuela. Segundo seu porta-voz, Stéphane Dujarric, Guterres segue os acontecimentos no país latino "com preocupação" e cobra "ações imediatas para restabelecer a calma".

Nas Américas, o clima também é de divisão. O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, manifestou apoio à possível adesão de oficiais das Forças Armadas da Venezuela ao movimento que tenta derrubar Maduro.

O mesmo foi feito pela Argentina e pelo presidente da Colômbia, Iván Duque, o qual pediu que os militares venezuelanos se aliem a Guaidó. "Fazemos um apelo aos militares e ao povo da Venezuela para se aliarem à parte certa da história, refutando a usurpação de Maduro, unindo-se à busca pela liberdade, democracia e reconstrução institucional".

Já o presidente da Bolívia, Evo Morales, aliado de Maduro, fez um apelo para que os países da América Latina "condenem o golpe de Estado na Venezuela". Ele também solicitou uma reunião de emergência do Grupo de Lima diante dos novos acontecimentos. Via redes sociais, Morales pediu que os países atuem para "impedir que a violência faça vítimas inocentes". Segundo ele, seria um "precedente nefasto que uma dinâmica golpista se instale na nossa região". "O diálogo e a paz devem se impor sobre o golpe", afirmou.

O presidente cubano, Miguel Diáz-Canel, também condenou o que chamou de "tentativa de golpe". "Rejeitamos esse movimento golpista que pretende encher o país de violência", declarou o mandatário via Twitter. A Rússia, que também apoia Maduro, informou que está acompanhando a situação e que o presidente Vladimir Putin tem discutido o assunto no Conselho de Segurança de Moscou.

Ansa - Brasil   
Compartilhar
Publicidade
Publicidade