Comissária da ONU afirma que anexações de Israel são ilegais
Governo deve anexar mais territórios a partir de 1º de julho
A alta comissária das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, afirmou nesta segunda-feira (29) que o projeto de Israel para anexar partes do território da Cisjordânia "é totalmente ilegal".
Segundo a representante, caso o plano seja levado adiante, isso causará "ondas de crise" que "durarão por décadas".
"A anexação é ilegal. Ponto final. Qualquer anexação, seja de 30% da Cisjordânia, ou de 5%. Peço com insistência que Israel escute seus próprios ex-funcionários, generais e várias vozes no mundo como uma advertência para não seguir por esse caminho perigoso", acrescentou.
A fala ocorre dois dias antes da data estipulada pelo governo israelense para começar a anexar mais terras palestinas e para legalizar assentamentos de colonos israelenses que foram construídos nos últimos anos. Tanto a ONU como os países da União Europeia já cobraram que Israel não faça as anexações pela medida "violar a lei internacional". Além disso, há o temor de que uma nova guerra entre israelenses e palestinos comece por conta da medida.
No entanto, o ministro da Defesa do país, Benny Gantz, - que formou um governo de emergência com Benjamin Netanyahu - afirmou que o 1º de julho "não é uma data sacra" para iniciar o plano de anexação.
"Antes de começar a dar esses passos diplomáticos, nós precisamos ajudar os nossos cidadãos a voltar ao trabalho. A preocupação fundamental deles é o coronavírus", ressaltou Gantz em nota do partido Branco e Azul.
O único país que apoia a ação são os Estados Unidos, que através do "Plano Trump", dá apoio às medidas invasivas do governo israelense. Os palestinos, segundo uma recente pesquisa, condenam a ação de Netanyahu e veem a solução de "dois Estados", defendida pela ONU e pela UE, cada vez mais distante por conta dos assentamentos.
A medida de regularizar as antigas construções de colonos em terras palestinas, inclusive, foi rejeitada pela Corte Suprema de Israel, que considerou ilegal uma lei de 2015 que legalizava as residências sob alguns requisitos.