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Colômbia nomeia negociadores para processo de paz com as Farc

5 set 2012 - 12h00
(atualizado às 19h56)
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O governo colombiano formou uma equipe de cinco negociadores para o processo de paz que terá início em outubro com a guerrilha das Farc, encabeçado pelo ex-vice-presidente Humberto de la Calle, anunciou nesta quarta-feira o presidente Juan Manuel Santos. A equipe será formada também pelo presidente da Associação de Industriais, Luis Carlos Villegas; o ex-diretor da polícia nacional e general reformado Oscar Naranjo; o ex-comandante das forças militares e general reformado Jorge Enrique Mora Rangel; o ex-ministro do Meio Ambiente e ex-comissário da paz Frank Pearl; e o assessor presidencial Sergio Jaramillo, designado comissário da paz.

Mauricio Jaramillo, comandante das Farc, anuncia início das negociações para processo de paz na Colômbia
Mauricio Jaramillo, comandante das Farc, anuncia início das negociações para processo de paz na Colômbia
Foto: AP

Apesar de a equipe negociadora principal ser formada por estas cinco pessoas, as partes poderão designar cada uma um total de 30 pessoas para participar nos diálogos de paz, explicou o presidente em um discurso à nação. Os delegados adicionais acompanharão as negociações e estarão prontos para se sentar à mesa dependendo dos temas a serem tratados, assinalou Santos.

Em seu discurso, o presidente agradeceu às mensagens de apoio que recebeu de colegas e governos por esta iniciativa, ao mesmo tempo em que insistiu que vai pedir apoio da comunidade internacional porque "o caminho não é fácil e tem muitos inimigos". O grupo que instalará a mesa de diálogo durante a primeira quinzena de outubro, em Oslo, será liderado por Humberto De la Calle, vice-presidente entre 1994 e 1996, ex-ministro da Suprema Corte e um dos redatores da Constituição de 1991.

O general Mora Rangel comandou o Exército durante o governo de Andrés Pastrana e foi chefe das Forças Armadas no primeiro ano da presidência de Alvaro Uribe, e é apontado como o artífice do Plano Patriota, a mais forte ofensiva lançada contra as Farc. Villegas preside o Conselho Nacional das Indústrias, que reúne todos os setores da produção, e participou dos diálogos do governo Pastrana com as Farc. Naranjo, que deixou o comando da Polícia Nacional este ano, é conhecido por sua firme luta contra o tráfico de drogas e por haver depurado e profissionalizado a instituição policial.

O ex-ministro Pearl, um economista de formação, foi comissário da paz do governo de Uribe, quando abriu canais de comunicação com a guerrilha, que se ativaram para os primeiros contatos exploratórios.Santos anunciou na véspera que o processo de paz entre o governo da Colômbia e a guerrilha das Farc terá início na primeira quinzena de outubro em Oslo e depois prosseguirá em Havana.O presidente ressaltou que as conversações terão um prazo. "Será medido em meses, não em anos", frisou.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia confirmaram no mesmo dia, em Havana, o início dessas negociações, por meio uma mensagem gravada de seu líder Timoleón León Jiménez (Timochenko). A mensagem anunciou "o encerramento das conversas exploratórias e o início das negociações como parte do árduo, mas necessário caminho da construção da paz, estável e duradoura para a Colômbia", disse o Comandante Mauricio Jaramillo, ao lado de outras cinco pessoas, no Palácio de Convenções de Havana.

A delegação das Farc no encontro exploratório, integrada por Jaramillo, Andrés Paris, Ernest Aguilar, Sandra Ramírez e Marcos León, marcou uma entrevista coletiva à imprensa para quinta-feira às 10h00 locais (11h00 de Brasília) no mesmo local, sem dar maiores detalhes.Anteriormente, o presidente havia afirmado que as primeiras negociações exploratórias foram realizadas durante seis meses em Havana e que as duas partes assinaram um acordo de princípio que não estabelece que as operações militares serão interrompidas durante o processo de paz.Segundo o presidente, "as operações militares continuarão com a mesma ou com mais intensidade".

"Este acordo não é já a paz, nem se trata de um acordo final. É um mapa do caminho com precisão dos termos de discussão para chegar a este acordo final", explicou. Em seu discurso, Santos pediu aos colombianos "moderação" diante da possibilidade de a guerrilha prosseguir em seus ataques, e "unidade para que o sonho de viver em paz se torne, por fim, realidade".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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