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China: por que funcionários que fabricam iPhones no país estão protestando

Nas imagens, é possível ver que policiais e pessoas em trajes de proteção tentam conter as manifestações com violência. Em outras, pessoas que tomaram parte nos atos são vistas quebrando câmeras de vigilância e janelas.

23 nov 2022 - 21h18
(atualizado em 24/11/2022 às 13h39)
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Operários disseram à BBC que não receberam os salários prometidos
Operários disseram à BBC que não receberam os salários prometidos
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Vídeos postados na internet mostram um protesto na quarta-feira (23/11) de centenas de trabalhadores na maior fábrica de iPhone do mundo, localizada na cidade chinesa de Zhengzhou e de propriedade da empresa Foxconn. Cerca de 200 mil pessoas trabalham no local.

Nas imagens, é possível ver que policiais e pessoas em trajes de proteção tentam conter as manifestações com violência. Em outras, pessoas que tomaram parte nos atos são vistas quebrando câmeras de vigilância e janelas.

Um funcionário que começou a trabalhar recentemente na fábrica disse à BBC que os trabalhadores estavam protestando porque a Foxconn havia "mudado o contrato prometido".

A Foxconn, fornecedora da Apple, mudou o tom da quarta-feira para quinta e emitiu um novo comunicado em que pede desculpas por "erro técnico" em seu sistema de pagamentos.

Uma pessoa ouvida pela BBC disse que não há mais protestos nesta quinta-feira (24/11) e que ela e seus colegas voltaram ao trabalho na fábrica.

No dia anterior, a empresa taiwanesa disse que cumpriria o pagamento com base no que diziam os contratos (leia mais detalhes abaixo).

Outro motivo para os protestos, segundo relatos, é que pessoas recém-contratadas temiam contrair covid de funcionários que estiveram nos alojamentos da fábrica durante o surto anterior.

No mês passado, o aumento de casos de covid fez com que a unidade fosse fechada para isolamento, levando alguns trabalhadores a fugir do local e voltar para casa. A empresa então recrutou novos funcionários com a promessa de um bônus generoso.

Imagens transmitidas ao vivo por um site mostram trabalhadores gritando: "Defenda nossos direitos! Defenda nossos direitos!".

"Eles mudaram o contrato para que não pudéssemos obter o subsídio como haviam prometido. Eles nos colocam em quarentena, mas não fornecem comida", diz um funcionário da Foxconn durante a transmissão.

"Se eles não atenderem às nossas necessidades, continuaremos lutando."

Funcionário da Foxconn no dia do protesto
Funcionário da Foxconn no dia do protesto
Foto: Reuters / BBC News Brasil

A pessoa no vídeo também afirma ter visto um homem "gravemente ferido" após ser agredido pela polícia.

Outra pessoa que acabou ser integrada ao quadro da empresa disse à BBC que viu "um homem com sangue na cabeça caído no chão" durante o protesto.

"Eu não sabia o motivo exato do protesto, mas estão misturando os novos trabalhadores com os antigos trabalhadores que deram positivo [para covid]", disse ele à BBC.

O que diz a Foxconn

A Foxconn fez um novo pronunciamento nesta quinta-feira (24/11) em que afirma que os pagamentos não foram realizados por um "erro técnico ocorrido durante um processo integrado". Manifestantes disseram que a empresa não havia cumprido o combinado.

A companhia disse que o pagamento foi o mesmo informado nos cartazes de recrutamento de novos trabalhadores e que estava em contato com os funcionários afetados sobre pagamento e bônus para "ativamente resolver as preocupações e demandas razoáveis dos empregados".

Um funcionário ouvido pela BBC disse que, desde então, recebeu 8.000 yuans (o equivalente a R$ 6.000) e que receberia mais 2.000 yuans.

Na quarta, em um comunicado anterior, a Foxconn disse que alguns trabalhadores tinham dúvidas sobre o valor do subsídio, mas que a empresa cumpriria o pagamento com base em contratos e que trabalharia com sua equipe e com o governo local para evitar mais violência.

A empresa também disse que a informação de que novos contratados eram solicitados a dividir dormitórios com colegas que contraíram covid eram rumores "claramente falsos".

Segundo a Foxconn, os dormitórios foram desinfetados e verificados por autoridades locais antes que novas pessoas ocupassem os locais.

A empresa taiwanesa é a principal subcontratada da Apple e sua fábrica em Zhengzhou monta mais iPhones do que em qualquer outro lugar do mundo.

No final de outubro, muitos trabalhadores fugiram da fábrica em meio ao aumento de casos de covid e alegações de maus tratos aos funcionários.

Nas redes sociais, circularam imagens dos operários voltando em caminhões para suas cidades natais.

Desde então, a empresa decidiu implementar as chamadas "operações de circuito fechado". A fábrica foi mantida isolada da parte mais ampla da cidade de Zhengzhou por causa de um surto de covid.

No início deste mês, a Apple disse que esperava remessas menores de modelos do iPhone 14 devido à interrupção da produção em Zhengzhou.

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