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Mundo

Chefes militares dos EUA criticam corrupção do Exército afegão

Porém, ambos defenderam que retirada precisava ser feita

28 set 2021 - 13h59
(atualizado às 14h17)
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O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, e o chefe do Estado Maior das Forças Armadas, general Mark Milley, afirmaram nesta terça-feira (28) que ficaram "surpresos" com a corrupção do Exército do Afeganistão e com a consequente rápida queda dos militares no país, que permitiu a retomada de poder do grupo fundamentalista Talibã.

Mark Milley respondeu questionamentos sobre a retirada de tropas do Afeganistão
Mark Milley respondeu questionamentos sobre a retirada de tropas do Afeganistão
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Os dois participam de uma sabatina da Comissão de Forças Armadas do Senado e estão respondendo a diversas questões sobre a segurança nacional tanto durante o mandato de Joe Biden, iniciado em janeiro deste ano, quanto do ex-presidente Donald Trump.

"A razão pela qual as nossas tropas decidiram sair rapidamente do Afeganistão foi porque planejamos isso há tempo. Nenhum outro Exército no mundo teria conseguido fazer isso. Se prorrogássemos, teríamos colocado em risco os nossos cidadãos e a nossa missão", disse Austin ao ser questionado sobre o caos da retirada.

Segundo o secretário, a rápida ascensão do Talibã, que em menos de 15 dias retomou praticamente todas as províncias do país, acabou acelerando a saída para evitar o risco de novos ataques.

"Nós não entendemos a verdadeira presença da corrupção e da incapacidade de liderança do Exército afegão. Isso pegou a todos de surpresa. Nós ajudamos a construir um Estado, mas não podíamos forjar uma nação", acrescentou.

"Se eu considero [a saída] perfeita? Naturalmente, não. A missão ainda não acabou porque estamos trabalhando para retirar os norte-americanos que assim o desejam e os afegãos que fizeram o pedido de saída especial", afirmou Austin ao ser questionado se concordava com a frase do presidente Joe Biden de que a saída tinha sido um "sucesso".

Durante 20 anos, os EUA e seus aliados criaram, treinaram e muniram o Exército afegão, gastando trilhões de dólares.

Milley, por sua vez, falou claramente que ainda considera os talibãs "como uma organização terrorista" e disse que os atuais membros do governo "não romperam sua ligação com a Al Qaeda".

O chefe das Forças Armadas afirmou que a Inteligência norte-americana "foi muito coerente" nas análises de que o governo e o Exército afegãos iriam colapsar, "mas não entenderam" o quão rápido isso ocorreria.

O general ainda contradisse Biden sobre uma informação repassada pelo mandatário à imprensa, de que não teria sido orientado por seus assessores das Forças Armadas de que era preciso manter um contingente mínimo em Cabul para garantir a segurança.

De acordo com Milley, o democrata recebeu uma sugestão de manter entre "2,5 mil a 3,5 mil soldados" para garantir a estabilidade do governo do ex-presidente Ashraf Ghani - que fugiu da capital horas antes da chegada do Talibã - e também para tentar garantir a existência do Exército treinado pelos EUA.

"Os talibãs não honraram nenhuma condição [do tratado de Doha, assinado com Trump em 2019], apenas aquela de não atacar as tropas norte-americanas durante a evacuação", acrescentou ainda Milley.

O chefe das Forças Armadas reafirmou que tanto a Al Qaeda, com a proteção dos talibãs, como o Estado Islâmico, que tem um braço no país conhecido como EI de Khorasan (Isis-K ou EI-K), podem ameaçar os EUA "em um período de 12 a 36 meses" depois da retirada de Cabul.

"Uma Al Qaeda reorganizada ou um Estado Islâmico com aspiração de atacar os EUA é uma possibilidade real, e tal condição, incluindo atividades em espaços não governados, poderiam ocorrer em um período de 12 a 36 meses", destacou o general reforçando sua crença de que o Talibã não está fazendo nada para impedir a ampliação dos terroristas. .

Ansa - Brasil   
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