PUBLICIDADE

Mundo

Chanceler brasileiro defende suspensão da Venezuela da OEA

Aloysio Nunes afirmou que medida pode ser aprovada pela organização, respeitando todos os procedimentos legais, se governo de Nicolás Maduro continuar a violar os preceitos da Carta Democrática Interamericana

4 jun 2018 - 13h05
Compartilhar
Exibir comentários

WASHINGTON - O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, defendeu nesta segunda-feira, 4, a suspensão da Venezuela da Organização dos Estados Americanos (OEA), caso o governo de Nicolás Maduro continue a violar os preceitos da Carta Democrática Interamericana. Aloysio ressaltou que a pressão internacional é insuficiente para solucionar a crise venezuelana, o que só poderá ser alcançada por meio da mobilização dos venezuelanos e da organização da oposição.

O ministro brasileiro disse que a Venezuela subscreveu a Carta livremente e está sujeita a seus princípios. "Isso não pode ficar letra morta. Na medida em que a Venezuela descumpre esse compromisso, que é fundamental, não há alternativa a não ser a suspensão", declarou em Washington, onde participa da Assembleia-Geral da OEA. A crise política e humanitária no país é o principal tema de debate do encontro.

Nesta terça-feira, os chanceleres tentarão aprovar uma resolução que exige o retorno da democracia na Venezuela, a libertação de todos os presos políticos, o respeito à divisão entre os Poderes e a permissão de entrada de ajuda humanitária no país. "Vai haver uma manifestação de preocupação e (vamos) colocar no horizonte uma eventual suspensão, desde que sejam obedecidos os procedimentos e a Venezuela persista nesse caminho", observou Aloysio.

Aloysio elogiou a libertação de 79 presos políticos pelo regime de Maduro, mas ressaltou que o gesto não pode ser uma "porta giratória", pelo qual saem alguns presos enquanto outros entram. "Espero que essa decisão do governo Maduro seja a indicação de uma tendência permanente no rumo da descompressão política e de um estabelecimento de uma proposta efetiva de boa fé de entendimento para o restabelecimento da democracia."

Fontes diplomáticas da OEA interpretaram a decisão como uma tentativa de Maduro de amenizar a pressão sobre seu governo e reduzir o apoio à proposta de resolução que exige o restabelecimento da democracia no país. Para ser aprovado, o projeto precisa de 18 dos 34 votos da organização. Em fevereiro, a OEA condenou a antecipação das eleições presidenciais na Venezuela com 19 votos. Foi uma das primeiras derrotas do regime na organização, onde conta com o apoio de grande parte dos países do Caribe, graças à entrega de petróleo a preços subsidiados.

Mas o comportamento de Caracas na sessão de abertura desta segunda-feira indicou que há uma erosão do suporte a Maduro. O representante do país se opôs à inclusão do debate sobre a Venezuela na pauta da Assembleia-Geral, mas não pediu que houvesse votação sobre o assunto. Com isso, o tema foi aprovado por aclamação.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade