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Cardeal se diz 'comovido' com renúncia negada pelo Papa

10 jun 2021 - 13h08
(atualizado às 14h05)
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O papa Francisco rejeitou nesta quinta-feira (10) a renúncia do cardeal Reinhard Marx ao cargo de arcebispo de Munique e Freising, na Alemanha.

Reinhard Marx é um dos prelados mais poderosos da Alemanha
Reinhard Marx é um dos prelados mais poderosos da Alemanha
Foto: EPA / Ansa - Brasil

O prelado havia pedido demissão a Jorge Bergoglio na semana passada, em meio a investigações sobre casos de pedofilia e abusos sexuais por parte do clero alemão.

Marx não é alvo de inquéritos, mas foi presidente da Conferência Episcopal da Alemanha entre 2014 e 2020 e disse em comunicado que é preciso "compartilhar a responsabilidade pela catástrofe dos abusos sexuais cometidos por membros da Igreja nas últimas décadas".

No entanto, em carta divulgada nesta quinta, o Papa agradece a seu "querido irmão" pela "coragem" de "não temer a cruz frente à tremenda realidade do pecado".

Na mensagem, Francisco admite que "toda a Igreja está em crise por causa do tema dos abusos" e que "a política do avestruz não leva a nada". "Assumir a crise, pessoalmente e de forma comunitária, é o único caminho fecundo porque de uma crise não se sai a não ser em comunidade, e devemos levar em conta que se sai de uma crise melhor ou pior, mas nunca igual", declara.

Além disso, o pontífice diz concordar com o termo "catástrofe" para definir os escândalos sexuais na Igreja Católica e que não é possível permanecer "indiferente perante este crime".

"É urgente ventilar essa realidade dos abusos e de como a Igreja procedeu, e deixar que o Espírito nos conduza ao deserto da desolação, à cruz e à ressurreição. E o ponto de partida é a confissão humilde. Nós erramos, pecamos", acrescenta.

O Papa prossegue citando um trecho da carta de renúncia em que Marx afirma que continuará "sendo sacerdote e bispo desta Igreja e a se empenhar em nível pastoral sempre quando achar sensato e oportuno".

"E essa é minha resposta, querido irmão. Continue como propõe, porém como arcebispo de Munique e Freising. E se te vem a tentação de pensar que, ao confirmar tua missão e não aceitar tua demissão, esse bispo de Roma (seu irmão que te ama) não te compreende, pensa no que sentiu Pedro diante do Senhor quando, a seu modo, apresentou sua renúncia: 'Afaste-se de mim, que sou um pecador', e escute a resposta: 'Pastoreie minhas ovelhas'", conclui.

Reinhard Marx é uma das figuras mais proeminentes do clero da Alemanha e também integra o poderoso conselho de cardeais formado pelo papa Francisco para reescrever a Constituição Apostólica sobre a organização da Cúria Romana.

Sua tentativa de renúncia ocorreu em meio à expectativa pela conclusão de uma perícia sobre suspeitas de abusos na Arquidiocese de Munique, chefiada por ele desde 2008.

Além disso, o pontífice ordenou recentemente uma inspeção apostólica na Diocese de Colônia, uma das principais da Alemanha, após a divulgação de um dossiê que aponta pelo menos 314 vítimas de abusos sexuais entre 1975 e 2018.

Cerca de metade das vítimas eram menores de 14 anos.

Reação

Após o anúncio da decisão do Papa, Marx se pronunciou e disse ter ficado surpreso e "comovido" com a recusa da renúncia.

"Não contava com uma reação tão rápida nem esperava a decisão de que eu devo continuar no meu serviço", diz uma mensagem do cardeal publicada no site da Arquidiocese de Munique.

"A decisão do Papa representa um grande desafio para mim", acrescentou Marx, ressaltando que a Igreja precisa procurar "novos caminhos para percorrer".    

Ansa - Brasil   
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