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Capitã de navio acusa Salvini de violar direitos humanos

Advogado de Rackete abrirá um processo contra o ministro

5 jul 2019 - 16h14
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A capitã alemã Carola Rackete, comandante do navio humanitário da ONG Sea Watch, acusou o vice-premier e ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, de violar os direitos humanos com sua política migratória.

    A declaração foi dada à revista alemã Spiegel, que será publicada neste sábado (6), em sua primeira entrevista desde que foi libertada da prisão na Itália, após ser detida por forçar a entrada de um navio com 40 migrantes no porto de Lampedusa. "A política de Salvini violou os direitos humanos. Sua maneira de se expressar é desrespeitosa, não apropriada para um político de alto nível", afirmou Rackete.

    De acordo com a comandante, a tripulação enviou relatórios médicos diários sobre as condições dos passageiros, até mesmo para o centro de resgate italiano em Roma, "mas ninguém ouviu, ninguém respondeu".

    "Eu me senti sozinha. Minha impressão era de que nacional e internacionalmente ninguém realmente queria ajudar. A batata quente sempre foi passada enquanto ainda tínhamos 40 sobreviventes a bordo", acrescentou ela, fazendo também uma crítica ao governo da Alemanha.

    Rackete foi presa no último final de semana por infringir as regras do governo italiano, "por violência contra navio de guerra", além de ser suspeita de favorecimento à imigração clandestina. No entanto, foi libertada sob o argumento de que não tinha outra alternativa para atracar em um porto seguro.

    A decisão da juíza Alessandra Vella gerou críticas por parte de Salvini, que partiu para o ataque contra a magistrada e contra Rackete. O advogado da capitã do Sea Watch, Alessandro Gamberini, por sua vez, anunciou que já preparou um processo contra o líder do partido ultranacionalista Liga por difamação. "Não é fácil coletar todos os insultos que Salvini fez nas últimas semanas e também as formas de instigação para cometer crimes, o que é ainda mais grave ser feito por um ministro do Interior", afirmou a defesa.

    Segundo Gamberini, quando se mexe na carteira das pessoas, elas entendem que não podem insultar ninguém de graça. A decisão de Rackete provocou a ira de Salvini. " Eu não posso esperar para ser denunciado por alguém que quebrou as leis e correu o risco de matar soldados italianos".

Ansa - Brasil   
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