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Mundo

Briga entre ArcelorMittal e Itália põe 10 mil vagas em risco

Multinacional abriu mão do maior parque siderúrgico da Europa

5 nov 2019 - 15h41
(atualizado às 16h05)
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Uma disputa entre a ArcelorMittal e o governo da Itália pode levar ao fim das atividades do maior complexo siderúrgico da Europa, que emprega cerca de 10 mil pessoas, mas tem um longo histórico de poluição ambiental.

Chaminés do maior complexo siderúrgico da Europa, em Taranto
Chaminés do maior complexo siderúrgico da Europa, em Taranto
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Fundada em 1905, a Ilva está sob intervenção do governo desde 2015, mas um acordo assinado em 2018 previa que a siderúrgica fosse comprada pela ArcelorMittal. A multinacional assumiu a gestão da companhia italiana em novembro daquele ano, com o compromisso de modernizar seu sistema produtivo e adequá-la às normas ambientais, mas agora diz que não quer mais o negócio.

A decisão da ArcelorMittal de se retirar da Ilva coloca em risco 10,7 mil postos de trabalho, sendo 8,2 mil apenas na unidade de Taranto, o maior complexo siderúrgico da Europa. A cidade fica na região da Puglia, no sul do país, que já sofre com taxas de desemprego acima da média nacional.

Irritado com a decisão da multinacional, o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, disse que fará "de tudo para defender os investimentos produtivos e as famílias que trabalham no local". "Existem compromissos contratuais a serem respeitados, e seremos inflexíveis. Na Itália, as regras são respeitadas", afirmou.

A ArcelorMittal usa como justificativa para a desistência a decisão do Parlamento de revogar o "escudo penal" que permitia que a Ilva continuasse poluindo acima dos níveis permitidos até que a multinacional a adequasse às normas atuais.

A medida foi aprovada com os votos de todos os partidos do governo e gerou nos executivos da siderúrgica o temor de futuras denúncias por crimes ambientais. "Os trabalhadores estão em primeiro lugar. Já preparamos uma emenda para retornar à situação precedente e remover qualquer pretexto", disse o líder do centro-esquerdista Partido Democrático (PD) na Câmara, Graziano Delrio.

O governo suspeita que a ArcelorMittal esteja usando o "escudo penal" como álibi para se desfazer de um negócio que não parece mais tão lucrativo. "Temos motivos para acreditar que a verdadeira razão seja uma conhecida crise generalizada no setor, que induziu a ArcelorMittal a avaliar ter errado ao assinar o contrato", afirmou o governador da Puglia, Michele Emiliano, ex-PD.

Dirigentes da multinacional se reunirão com membros do governo nesta quarta-feira (6), em Roma, para discutir uma solução. 

Ansa - Brasil   
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