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Avião que caiu em Cuba tinha quase 40 anos

Considerado obsoleto, Boeing 737-200 não é mais operado por empresas dos EUA, da UE e do Brasil.

19 mai 2018 - 08h14
(atualizado às 09h55)
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O Boeing 737-200 que caiu em Cuba na sexta-feira (18) foi fabricado há quase 40 anos. Considerado obsoleto, o modelo já não é mais operado por companhias dos EUA, do Brasil e de países da União Europeia.

Acidente desta sexta-feira deixou mais de cem mortos.
Acidente desta sexta-feira deixou mais de cem mortos.
Foto: DW / Deutsche Welle

A aeronave que caiu em Cuba pertencia à companhia mexicana Aerolíneas Global Air - que também opera com o nome Aerolíneas Damojh - e estava alugado para a estatal Cubana de Aviación.

Antes de chegar às mãos da empresa mexicana, o avião já havia sido operado por mais de dez empresas, algumas delas de países como Benin e Camarões. A primeira delas foi a americana Piedmont, em julho de 1979.

O acidente em Cuba deixou 109 mortos. Pelo menos três pessoas sobreviveram à queda - uma delas morreu mais tarde no hospital. Foi o segundo pior acidente aéreo já registrado em Cuba. Ficou atrás apenas da tragédia envolvendo outro voo da Cubana de Aviación que caiu em 1989 e que havia deixado 150 mortos , entre passageiros, tripulantes e pessoas que estavam em terra.

Os primeiros jatos Boeing 737-200 começaram a ser entregues pela Boeing em 1967. A produção foi interrompida em 1988. Nesses 21 anos, 1.114 aeronaves desse modelo foram fabricadas.

A partir dos anos 1990, o 737-200 começou a perder espaço em grandes companhias áreas do mundo. Menos eficiente que modelos mais modernos da família de aviões 737, o 737-200 também é barulhento e o ruído das suas turbinas ultrapassa os limites estabelecidos pela legislação ambiental de vários países.

Nos EUA, os últimos aviões 737-200 deixaram de voar em 2008. No Brasil, o último voo do modelo ocorreu em 2010. Antes disso, o avião fez parte das frotas de antigas empresas como a Varig e a Vasp.

Hoje o avião não é operado por nenhuma grande companhia aérea do mundo e só permanece na frota de operadores de países como Paquistão, Filipinas e Uganda.

Histórico cubano

Fundada em 1929, a Cubana de Aviación tem um longo histórico de acidentes. Desde 1934, a empresa registrou pelo menos 20 acidentes com vítimas fatais. Vários deles envolveram aeronaves de fabricação russa.

Nos últimos vinte anos, no entanto, a empresa não havia registrado nenhum acidente grave. Até esta sexta-feira, a última queda de um avião da companhia que provocou mortes havia ocorrido em 1999, quando um avião de passageiros modelo Ilyushin Il-62M que voava para a Venezuela caiu ao se preparar para pousar. O acidente deixou 22 mortos.

A empresa mexicana que operava o avião que caiu na sexta-feira disse que a aeronave havia passado pela revisão anual em novembro e que seu uso foi aprovado pelas autoridades do México.

As causas do acidente ainda estão sendo investigadas, mas a tragédia ocorreu em meio às dificuldades regulares que as autoridades cubanas enfrentam para melhorar os padrões de segurança área no país. O governo culpa costuma apontar que o embargo econômico imposto pelos EUA dificulta a aquisição de peças de reposição e a compra de novas aeronaves.

Coincidentemente, um dia antes do acidente, jornais estatais cubanos informaram que um dos novos vice-presidentes do país, Salvador Valdés Mesa, se reuniu com membros do setor de aviação da ilha para discutir as dificuldades do setor.

As reportagens apontaram que Roberto Peña Samper, presidente da Cuban Aviation, lamentou que o "embargo imposto por sucessivas administrações americanas impeça" a ilha de "adquirir os recursos necessários para operar uma frota maior de aviões e melhorar os serviços aeroportuários".

JPS/ots

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