Ativista coloca boneca em estátua de jornalista italiano
Indro Montanelli comprou menina eritreia de 12 anos
Após ter sido pintada de vermelho por manifestantes antirracismo, uma estátua do jornalista italiano Indro Montanelli (1909-2001) amanheceu no último domingo (28) com uma boneca no colo simulando uma menina de 12 anos.
A manifestação fez referência à criança eritreia que Montanelli admitiu ter comprado como "esposa" durante seu serviço militar na Etiópia, na década de 1930, quando o fascista Benito Mussolini tentava estabelecer um império no Chifre da África.
A boneca foi colocada na estátua pela ativista Cristina Donati Meyer, que reivindicou o ato em sua página no Facebook. "O monumento a Indro Montanelli agora está completo. Não era preciso pintar a estátua, apenas acrescentar nos joelhos a menina eritreia de 12 anos de quem ele abusou como soldado colonialista", diz o cartaz colado no pedestal do monumento.
A ativista foi fichada pela polícia, que removeu a boneca. Considerado um dos maiores jornalistas italianos do século 20, Montanelli teve uma longa carreira no Corriere della Sera, jornal de maior circulação no país, e também fundou o diário conservador Il Giornale.
Em entrevista à emissora Rai em 1969, Montanelli admitiu que havia comprado uma garota eritreia de 12 anos no Chifre da África. O episódio ocorreu na década de 1930, quando o regime fascista de Benito Mussolini tentava estabelecer um império com a conquista da Etiópia.
"Era uma belíssima garota de 12 anos. Desculpem-me, mas na África é outra coisa. E me casei regularmente com ela, no sentido de que a havia comprado do pai", contou.
Questionado na sequência pela jornalista Elvira Banotti, Montanelli acrescentou que "as meninas da Abissínia [nome do antigo Império Etíope] se casavam com 12 anos", mas reconheceu que, se fosse na Europa, isso seria considerado uma violência.