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Ásia

Dez mil pessoas podem ter morrido nas Filipinas por tufão Haiyan

10 nov 2013 - 09h32
(atualizado às 09h32)
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Dez mil pessoas podem ter morrido nas Filipinas após a passagem do super tufão Haiyan, o que o converteria no desastre natural mais mortífero já registrado neste país, informaram as autoridades neste domingo.

"Nós nos reunimos com o governador (da província de Leyte) na noite passada e, baseando-nos nas estimativas do governo, há 10.000 vítimas (fatais)", declarou à imprensa Elmer Soria, funcionário de alto escalão da polícia de Tacloban, a capital da província de Leyte, na ilha de mesmo nome.

Entre "70% e 80% das construções e das estruturas situadas na trajetória do tufão foram destruídas", disse.

O balanço anterior fornecido pela Cruz Vermelha no sábado informava sobre 1.200 mortos, após a passagem pelo centro do arquipélago do tufão Haiyan, que chegou acompanhado de ondas de vários metros de altura e de ventos de até 315 km/h.

A paisagem observada após a passagem do tufão, com casas arrasadas, postes elétricos derrubados, carros virados e sobreviventes atordoados percorrendo as ruas, lembrava a destruição causada pelo tsunami de 2004 na Ásia.

"Ocorreram grandes destruições (...) A última vez que vi algo parecido foi durante o tsunami no oceano Índico" que deixou 220.000 mortos em 2004, afirmou Sebastian Rhodes Stampa, chefe da equipe da ONU encarregada da gestão de desastres que se encontrava em Tacloban.

Palo e Tacloban figuram entre as cidades mais castigadas pelo super tufão Haiyan.

"A destruição é enorme", insistiu o secretário filipino de Assuntos Interiores, Manuel Roxas.

"Imaginem uma faixa de um quilômetro ao longo de toda a costa: todas as casas, tudo está destruído", afirmou.

Leyte, uma ilha de 1,7 milhão de habitantes situada na parte oriental do arquipélago, é uma das regiões mais afetadas pelo tufão, embora outras zonas do centro das Filipinas também tenham sofrido pela passagem do Haiyan.

Uma dúzia de mortes foram confirmadas em algumas destas áreas, mas as autoridades admitiram que estão sobrecarregadas e que muitas localidades ainda estavam incomunicáveis neste domingo.

"Ainda estamos estabelecendo o comando e o controle da logística e das comunicações", declarou o tenente-coronel Ramón Zagala, porta-voz militar.

Zagala indicou que entre as comunidades incomunicáveis está Guiuan, uma região portuária de 40.000 habitantes localizada na ilha de Samar, onde o tufão tocou a terra e entrou nas Filipinas na madrugada de sexta-feira.

No entanto, segundo um funcionário local, já foi confirmada a morte de 300 pessoas e o desaparecimento de outras 2.000 na ilha de Samar após a passagem do Haiyan.

Leo Dacaynos, membro do conselho de gestão de desastres de Samar, confirmou neste domingo à emissora de rádio DZBB a morte de 300 pessoas em Basey, uma pequena localidade, e o desaparecimento de outras 2.000 pessoas em toda a ilha.

Trata-se da primeira confirmação de vítimas fatais em Samar após a passagem do Haiyan.

A famosa ilha turística Mala Pascua, por sua vez, localizada a 130 km de Tacloban, parecia estar em ruínas, segundo imagens aéreas, e seus habitantes em paradeiro desconhecido.

Todos os anos, as Filipinas sofrem com cerca de vinte tempestades e tufões entre os meses de junho e outubro.

Além dos tufões, o país sofre regularmente com a ira da natureza, em forma de terremotos ou erupções vulcânicas, com um balanço de vítimas fatais cada vez maior.

No entanto, se o balanço de 10.000 mortos se confirmar, o Haiyan será a pior catástrofe natural já registrada na história recente das Filipinas.

Depois de ter atingido o centro das Filipinas na sexta-feira, o Haiyan se dirigia neste domingo ao Vietnã, que evacuou mais de 600.000 pessoas como medida de segurança.

"Evacuamos mais de 174.000 lares, o que equivale a mais de 600.000 pessoas", informou um comunicado do ministério vietnamita de Controle de Inundações e Tempestades.

Espera-se que a tempestade chegue ao país na manhã de segunda-feira, 24 horas depois do previsto inicialmente, depois de mudar repentinamente de trajetória, o que obrigou as autoridades a realizar grandes evacuações na província de Nghe An, no norte, a 230 km da capital, Hanoi.

Diante da magnitude da catástrofe registrada nas Filipinas, vários países ofereceram ajuda.

Os Estados Unidos fornecerão helicópteros, aviões, barcos e equipamentos destinados à busca e ao resgate, após um pedido feito por Manila, indicou o secretário americano da Defesa, Chuck Hagel.

Austrália e Nova Zelândia entregaram neste domingo quase meio milhão de dólares (370.000 euros) à Cruz Vermelha das Filipinas e indicaram que podem fornecer ajuda adicional.

O Programa Mundial de Alimentos (PAM), uma agência das Nações Unidas, está organizando a transferência de 40 toneladas de alimentos e a UNICEF, a agência da ONU para a infância, preparou 60 toneladas de material de saúde e de sobrevivência que deve chegar às Filipinas na terça-feira.

A Comissão Europeia "já enviou uma equipe para ajudar as autoridades e estamos dispostos a contribuir (nos trabalhos de resgate) com uma ajuda de emergência, se for necessário", disse seu presidente, José Manuel Barroso.

O papa Francisco pediu pelo Twitter que os católicos rezem pelas vítimas e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse estar muito triste pela amplitude das perdas humanas.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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