A Coreia do Norte declarou "completamente nulo" nesta segunda-feira o armistício que pôs fim à Guerra da Coreia (1950-53) e garantiu, através do jornal Rodong Sinmun, que está se preparando para uma guerra iminente contra a Coreia do Sul e os Estados Unidos. "Agora é o momento da batalha final", afirmou a publicação do regime após declarar inválido, como anunciou na semana passada, o cessar-fogo vigente há seis décadas.
O editorial afirmou que "ninguém pode prever" o que vai acontecer na região, onde a tensão permanece elevada. O jornal acrescentou que Pyongyang deixou seus mísseis estratégicos e os sistemas de lançamento múltiplo de foguetes de prontidão para um ataque. Além disso, afirmou que todos os cidadãos do país se transformaram em soldados, em uma nova advertência que chega após vários dias de ameaças do regime através de seus meios de comunicação.
A vizinha Coreia do Sul, através do Ministério da Unificação, assegurou que o acordo de armistício não foi invalidado, pois, legalmente, sua anulação requer a conformidade das duas partes, como indica o texto assinado pelas duas Coreias no dia 27 de julho de 1953.
"Consideramos que o armistício segue de pé e, portanto, descartamos tecnicamente a guerra com o Norte", disse à agência EFE um porta-voz do Ministério de Seul, encarregado dos assuntos entre as duas Coreias.
Coreia do Norte ameaça mais uma vez atacar os EUA:
Horas antes, o porta-voz confirmou que o regime de Kim Jong-un suspendeu de forma unilateral a linha telefônica da aldeia fronteiriça de Panmunjom, a única via de comunicação entre Seul e Pyongyang, geralmente usada para assuntos de urgência.
O exercício militar anual "Key Resolve" realizado por Coréia do Sul e EUA, que começou hoje e vai até o dia 21, foi o responsável por desencadear as ações norte-coreanas.
A nova ofensiva verbal é mais um degrau da recente campanha de ameaças do país comunista. Na quinta-feira passada, a ONU impôs novas sanções econômicas e comerciais por conta do teste nuclear de 12 de fevereiro, o terceiro do país após os realizados em 2006 e 2009.
O armistício pôs fim à Guerra da Coreia há quase 60 anos, mas os dois países continuam tecnicamente em guerra, pois as partes não substituíram este acordo de cessar-fogo por um tratado de paz definitivo.
Soldados sul-coreanos conversam em cima de tanque durante exercício militar conjunto entre tropas de seu país e dos Estados Unidos em Paju, nas proximidades da fronteira com a Coreia do Norte. Os dois países iniciaram o evento anual nesta segunda-feira, mesmo dia em que a Coreia do Norte declarou "completamente nulo" o armistício que pôs fim à Guerra da Coreia (1950-53) e garantiu que está se preparando para uma guerra iminente contra a Coreia do Sul e os Estados Unidos
Foto: AP
Militares sul-coreanos montam cercas durante a sessão de exercícios desta segunda-feira. A Coreia do Sul, através do Ministério da Unificação, assegurou que o acordo de armistício não foi invalidado, pois, legalmente, sua anulação requer a conformidade das duas partes, como indica o texto assinado pelas duas Coreias no dia 27 de julho de 1953
Foto: AP
Militares sul-coreanos se preparam para eventual conflito armado. Na quinta-feira passada, a ONU impôs novas sanções econômicas e comerciais por conta do teste nuclear de 12 de fevereiro, o terceiro do país após os realizados em 2006 e 2009
Foto: AP
Imagem da televisão estatal norte-coreana KCNA mostra soldados do país durante exercício militar em local não identificado
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Manifestantes sul-coreanos usam máscaras e seguram cartazes durante protesto contra a realização dos exercícios anuais em frente à embaixada dos Estados Unidos em Seul. Eles pedem que Sul e Norte negociem a paz permanente e que não haja uma escalada de ameaças entre os dois países. Nos cartazes se lê: "Quando a guerra ocorrer, todos os 70 milhões morrerão" - uma referência à população combinada das duas Coreias
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Tanques sul-coreanos manobram durante o exercício militar anual "Key Resolve" realizado por Coréia do Sul e EUA, que começou hoje e vai até o dia 21. A Coreia do Norte aponta a realização dos exercícios como o fator que desencadeou suas ações
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Imagem da KCNA mostra soldados norte-coreanos sendo transportados para local de treinamento militar
Foto: KCNA / Reuters
Manifestantes mascarados pedem o fim das tensões entre os países
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Grupo de idosos se uniu aos protestos contra os exercícios militares e pela paz na Península Coreana
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Grupo de manifestantes rasga imagem do líder norte-coreano Kim Jong-un durante manifestação paralela de apoio à presidente Park Geun-hye e contra a Coreia do Norte em frente ao palácio presidencial em Seul
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Manifestantes pedem paz perto da embaixada americana em Seul