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Ásia

Bo Xilai admite 'certa responsabilidade' em desvio milionário na China

24 ago 2013 - 13h52
(atualizado às 14h50)
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O ex-dirigente chinês Bo Xilai admitiu neste sábado sua parcela de responsabilidade no desvio de dinheiro público em benefício da mulher no terceiro dia de um julgamento que trouxe à tona a corrupção na política da China. "Sinto que devo assumir certa responsabilidade (no fato) de que este dinheiro (cerca de 5 milhões de yuans - US$ 800 mil) chegou à conta (bancária) de Gu Kallai", declarou o ex-dirigente da metrópole de Dalian (nordeste) ao tribunal de Jinan.

O dinheiro estava, a princípio, destinado a um projeto de construção em Dalian, onde Bo era prefeito. "Fui muito negligente, tratava-se de dinheiro público", reconheceu Bo, segundo as transcrições do julgamento divulgadas pelo tribunal. Bo, que rebateu todas as acusações da promotoria desde o início do julgamento, reconheceu pela primeira vez perante o tribunal sua parcela de responsabilidade nos fatos.

Mesmo assim, o político negou "querer desviar este dinheiro público" e respondeu a um dos principais testemunhos. Wang Zhengguang, funcionário da secretaria de urbanismo de Dalian durante a administração de Bo, declarou ao tribunal ter estado em contato com o prefeito e sua esposa para propor-lhes o dinheiro.

Wang garantiu ter ouvido quando o ex-prefeito telefonou para sua mulher e pediu que ela retirasse cinco milhões de yuans destinados a um projeto de construção pública. "Uma pessoa corrupta e sensata faria isso? Conseguem me imaginar falando este tipo de assunto ao telefone?", questionou Bo, para quem somente os políticos "mais estúpidos" falariam de corrupção ao telefone.

Ex-membro do poderoso gabinete político do Partido Comunista Chinês, Bo foi oficialmente acusado de ter recebido, ao lado da esposa e do filho, 21,79 milhões de yuans (US$ 3,6 milhões) em gratificações de dois empresários, Tang Xiaolin e Xu Ming, amigos do casal. Bo Xilai também é acusado de abuso de poder por ter impedido uma investigação criminal contra sua esposa, Gu Kailai, presa desde 2012 pelo assassinato do empresário britânico Neil Heywood.

O tribunal também ouviu neste sábado Wang Lijun, antigo chefe da polícia da metrópole de Chongqing - governada por Bo - e ex-braço direito do político. Em fevereiro de 2012, após pedir asilo político num consulado dos Estados Unidos, Wang revelou os crimes ocorridos em Chongqing. Wang foi condenado a 15 anos de prisão no ano passado por uma série de delitos, entre eles abuso de poder em relação ao assassinato cometido pela esposa de Bo.

Bo admitiu erros relacionados à investigação do assassinato de Heywood, envenenado em novembro de 2011, embora tenha negado as acusações de abuso de poder. "Cometi erros neste caso que mancharam a reputação do partido e do país, sinto muita vergonha (...) mas isso não tem nada a ver com o fato de ser culpado", disse Bo.

O ex-dirigente reconheceu que estapeou Wang e o demitiu após sua declaração de que Gu era responsável pela morte de Heywood. O comparecimento surpresa de Wang ao julgamento aumentou ainda mais o interesse dos milhões de chineses no caso, considerado o maior escândalo político na China das últimas décadas.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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