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Ásia

As supostas provas de que míssil da Coreia do Norte atingiu cidade do próprio país

Incidente teria causado danos materiais visíveis, dizem especialistas, com base em imagens de satélite.

5 jan 2018 - 09h51
(atualizado às 10h49)
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Nem todos os testes de míssil realizados pela Coreia do Norte no ano passado foram bem-sucedidos
Nem todos os testes de míssil realizados pela Coreia do Norte no ano passado foram bem-sucedidos
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Em um dos testes realizados no ano passado pela Coreia do Norte, o míssil lançado acabou atingindo uma de suas cidades. É o que afirma um artigo publicado pelo portal The Diplomat, especializado em Ásia.

A análise, de autoria de Ankit Panda, editor-chefe do site, e Dave Schmerler, pesquisador do Centro americano James Martin para Estudos de Não Proliferação, afirma que o incidente ocorreu durante um teste realizado em 28 de abril de 2017.

De acordo com fontes do governo americano, a única informação conhecida até então era que Pyongyang tinha realizado um teste de míssil nesta data e que o projétil não tinha conseguido deixar o território norte-coreano.

"Mas o que não sabíamos era o que tinha acontecido com esse míssil. Tampouco sabíamos de que forma ele havia falhado especificamente", explicou Ankit Panda em entrevista à BBC.

Objetivo de Kim Jong-un é transformar a Coreia do Norte em uma potência nuclear para frear uma suposta invasão norte-americana
Objetivo de Kim Jong-un é transformar a Coreia do Norte em uma potência nuclear para frear uma suposta invasão norte-americana
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

'Algo deu terrivelmente errado'

"O que aconteceu é que, na hora do voo, algo saiu terrivelmente errado, o motor desligou ou falhou por um motivo ou outro e o míssil caiu", explicou Panda.

O artigo, publicado com base em informações reveladas por uma fonte do governo dos EUA, afirma que a queda ocorreu na cidade norte-coreana de Tokchon, uma área habitada, causando "danos consideráveis em um complexo industrial ou agrícola".

"É importante lembrar que esses mísseis são movidos a combustível líquido, então eles estão carregados com combustível incrivelmente volátil, o que significa que quando caiu, certamente explodiu, e a evidência pode ser vista em imagens de satélite", acrescentou o editor.

Consequências desconhecidas

Com base nas imagens de satélite, não é possível confirmar, no entanto, se o incidente causou alguma vítima, reconhece Dave Schmerler. Ele afirma, entretanto, que os danos materiais são visíveis.

Mapa mostra local do impacto e imagem de satélite
Mapa mostra local do impacto e imagem de satélite
Foto: BBC News Brasil

Os autores do artigo baseiam sua conclusão em fotografias tiradas antes e depois do teste pela empresa Planet Labs - que coleta imagens da Coreia do Norte por satélite quase diariamente.

Segundo Schmerler, nas fotos feitas após o teste, aparece uma "marca negra gigante" no ponto em que o míssil ou seus destroços supostamente caíram.

Pyongyang não se pronunciou sobre o lançamento, como costuma acontecer quando há uma falha. A comunidade internacional condenou mais uma vez os testes.

Um míssil de alcance intermediário

Na ocasião do lançamento, as características do míssil não eram claras. Mas, pouco depois, fontes do governo dos EUA afirmaram que poderia se tratar de um míssil de alcance intermediário, o Hwasong-12.

Panda confirma a informação e, segundo ele, o teste de 28 de abril foi o terceiro que a Coreia do Norte realizou com esse tipo de projétil.

Teste do míssel Hwasong-12 em data e local não especificados - imagem foi divulgada pela agência norte-coreana KCNA em setembro
Teste do míssel Hwasong-12 em data e local não especificados - imagem foi divulgada pela agência norte-coreana KCNA em setembro
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

"Foi a última falha (com o Hwasong-12)", destacou.

Em maio, Pyongyang conseguiu realizar o primeiro teste bem-sucedido com esse míssil - que foi ratificado em outras duas ocasiões, ao cruzar o espaço aéreo do Japão, deixando o país mais próximo do seu objetivo: um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) .

"A tecnologia deste míssil (Hwasong-12) foi fundamental" para desenvolver o ICBM, acrescentou o especialista.

2017, um ano de avanços

Kim Jong-un diz que pode atingir os Estados Unidos. Na imagem, ele supervisiona um teste balístico em data não especificada
Kim Jong-un diz que pode atingir os Estados Unidos. Na imagem, ele supervisiona um teste balístico em data não especificada
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Apesar das sanções internacionais e das ameaças diretas do presidente Donald Trump, o regime norte-coreano não interrompeu seu programa armamentista em 2017 - e ainda registrou vários avanços.

Entre eles, o terceiro e último teste bem-sucedido de um míssil balístico intercontinental. Segundo Pyongyang, o Hwasong-15, testado em novembro, é capaz de alcançar qualquer ponto do território continental dos Estados Unidos.

No tradicional pronunciamento de Ano Novo, Kim Jong-un afirmou que seu país se tornou uma potência nuclear em 2017. Mas especialistas consultados pela BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC, acreditam que ele ainda tem algumas questões técnicas para resolver.

"Sempre há um botão nuclear na minha mesa", ameaçou Kim Jong-un.

Ao mesmo tempo, o líder norte-coreano deu início, no entanto, à retomada do diálogo de reaproximação com a Coreia do Sul.

Kim Jong-un anunciou que seu país está disposto a enviar uma delegação de atletas aos Jogos Olímpicos de Inverno, que serão realizados em fevereiro, na cidade sul-coreana de Pyeongchang. Seul respondeu propondo uma reunião no dia 09 de janeiro para discutir a questão. O convite foi aceito por Pyongyang nesta sexta-feira.

Além disso, Seul e Washington deram outro passo conciliador: suspenderam as manobras militares que tinham planejado na região, como Kim Jong-un queria.

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