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Após permitir invasão, Trump anuncia sanções à Turquia

Presidente também aumentou tarifa sobre o aço turco

15 out 2019 - 08h23
(atualizado às 08h41)
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta segunda-feira (14) um decreto que aplica sanções contra a Turquia por causa de sua incursão militar no nordeste da Síria.

Turcos se manifestam em defesa de incursão militar no nordeste da Síria
Turcos se manifestam em defesa de incursão militar no nordeste da Síria
Foto: EPA / Ansa - Brasil

A medida chega cerca de uma semana depois de o próprio Trump ter anunciado a retirada das tropas americanas da região, permitindo, na prática, que Ancara iniciasse uma ofensiva contra os curdos no país árabe.

Desde então, a Turquia já conquistou cerca de mil quilômetros quadrados de território na Síria e "neutralizou" cerca de 600 combatentes curdos, segundo suas próprias contas. A incursão também provocou uma fuga em massa em uma prisão de jihadistas do Estado Islâmico (EI) que está sob custódia curda, e já há inúmeros relatos de execução de civis por parte das milícias sírias cooptadas por Ancara.

As sanções impostas por Trump atingem três ministros turcos, Hulusi Akar (Defesa), Suleyman Soylu (Interior) e Fatih Donmez (Energia), além dos ministérios da Defesa e da Energia como um todo. O presidente também aumentou a sobretaxa alfandegária contra o aço importado da Turquia para 50% e interrompeu as negociações para um acordo comercial de US$ 100 bilhões.

"Estou totalmente preparado para destruir a economia da Turquia se seus líderes continuarem nesse caminho perigoso e destrutivo", disse. O mandatário ainda enviará para Ancara "o quanto antes" seu vice, Mike Pence, e o conselheiro para Segurança Nacional da Casa Branca, Robert O'Brien, para iniciar tratativas com o governo Erdogan.

"O presidente Trump comunicou claramente que os Estados Unidos da América querem que a Turquia pare a invasão, implemente um cessar-fogo imediato e comece a negociar com as forças curdas na Síria para encerrar a violência", reforçou Pence.

A decisão de Trump de se retirar da Síria foi criticada até por aliados nos EUA, já que pode abrir caminho para o Estado Islâmico reconquistar territórios no país árabe e para o regime de Bashar al Assad se fortalecer.

Sem proteção americana, os curdos fecharam uma aliança com Damasco para defender as cidades de Manbij e Kobane, mas a primeira já foi conquistada por Ancara, segundo a Rússia. As Forças Democráticas da Síria (SDF), coalizão formada majoritariamente por curdos, foram a principal aliada dos EUA na luta contra o EI no país e controlam um vasto território na fronteira com a Turquia.

A milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG), um dos principais componentes das SDF, é acusada de "terrorismo" por Ancara e de ter ligações com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), movimento baseado na Turquia e que luta pela criação de um Estado curdo.

Essa etnia reúne cerca de 30 milhões de pessoas e é considerada o maior povo apátrida no mundo.

Ansa - Brasil   
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