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América Latina

Apoiadores de Maduro e Guaidó vão às ruas da Venezuela

Opositores ao regime do presidente venezuelano reclamaram de ação 'abusiva' da polícia; pelo menos uma pessoa foi atingida por spray de pimenta

9 mar 2019 - 14h37
(atualizado às 14h37)
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Foto: Carlos Garcia Rawlins / Reuters

O governo e a oposição da Venezuela foram às ruas neste sábado, 9, em todo o país, que está saindo do mais longo apagão em décadas, embora ainda haja algumas zonas sem luz.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e o opositor Juan Guaidó incentivaram os seus apoiadores a irem para as ruas, em uma nova escalada de tensões.

Maduro, que convocou os seus seguidores para uma marcha "anti-imperialista", quando completam quatro anos desde que os Estados Unidos declararam que a Venezuela era uma ameaça para a sua segurança, atribuiu o apagão a uma "guerra elétrica" promovida pelo "imperialismo norte-americano".

"Seguimos em batalha e vitória frente a permanente e brutal agressão contra o nosso povo. Hoje, mais do que nunca, somos anti-imperialistas. Jamais nos renderemos!", escreveu neste sábado no Twitter. O presidente não fez nenhuma aparição pública durante o apagão, mas é esperado que compareça à manifestação chavista no centro de Caracas.

"Convoco todo o povo venezuelano a nos expressarmos maciçamente nas ruas contra o regime usurpador, corrupto e incapaz que deixou o nosso país às escuras", disse, em uma mensagem pelo Twitter, na sexta-feira, o presidente do Parlamento, Juan Guaidó.

Guaidó se autoproclamou presidente interino do país em 23 de janeiro, invocando artigos da Constituição, e foi reconhecido pelos Estados Unidos, Brasil e dezenas de países, que acusam o presidente Nicolás Maduro de ganhar a reeleição em eleições fraudulentas.

Foto: Carlos Garcia Rawlins / Reuters

Confrontos

Opositores ao regime de Maduro e a polícia venezuelana entraram em confronto na manhã deste sábado. Muitos manifestantes tentaram andar por uma avenida em Caracas, mas foram removidos para a calçada pela polícia em uma tentativa de evitar o motim. De acordo com uma emissora local, uma mulher foi atingida por spray de pimenta.

"A polícia é abusiva mesmo que eles também sofram da mesma calamidade que a gente", disse a comerciante Lilia Trocel, de 58 anos. "Eu ainda não tenho energia e perdi parte da minha comida", declarou em referência à comida que estragou durante o apagão.

"Queremos marchar", gritava um grupo de seguidores de Guaidó a um contingente policial que bloqueava o acesso à Avenida Victoria, no leste de Caracas.

Deputados de oposição denunciaram em suas contas no Twitter que três motoristas que ajudavam, na madrugada de sábado, a instalar um palco onde Guaidó apareceria foram detidos pela polícia, que os obrigou a desmontar os andaimes.

Na sede da estatal telefônica, por outro lado, já era possível identificar um dos palcos do governo, que também fechou uma das principais avenidas de Caracas, onde há a previsão de uma atividade. Não foi confirmada a presença de Maduro.

Agentes do serviço de inteligência rondavam a zona. "Não há água, não há luz, não há comida. Já não aguentamos", disse Jorge Lugo, venezuelano que levava uma bandeira no pescoço.

Foto: Carlos Jasso / Reuters

Apagão

Depois de mais de 20 horas sem energia elétrica, o serviço foi retomado parcialmente em algumas áreas de Caracas e do interior do país, mas outras cidades, como Maracaibo e Barinas, completavam 40 horas sem fornecimento, segundo a Reuters.

O apagão da Venezuela, que começou na tarde de quinta-feira, afetou inclusive o Estado de Roraima, que precisou recorrer às suas cinco termoelétricas para suprir a energia normalmente procedente da principal hidroelétrica venezuelana de Guri.

A extensa interrupção ocorre em um momento em que o país é sacudido por instabilidade política, hiperinflação e recessão econômica.

Organizações não governamentais denunciaram que a falta de fornecimento de energia e o mal funcionamento, ou a falta de geradores de emergência em hospitais públicos, provocaram, na sexta-feira, as mortes de um recém-nascido e de um adolescente de 15 anos em Caracas. /(AFP, EFE e Reuters)

Estadão
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