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Ao perder batalhas jurídicas sobre o censo, Trump pode vencer guerra política

8 jul 2019 - 18h00
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O governo Trump tem poucas opções realistas para introduzir uma pergunta sobre cidadania no censo do ano que vem, mas ao manter o assunto na pauta pública ainda pode provocar uma contagem subestimada de moradores em áreas de inclinação democrata, disseram analistas jurídicos e políticos à Reuters.

08/07/2019
REUTERS/Carlos Barria
08/07/2019 REUTERS/Carlos Barria
Foto: Reuters

A cobertura midiática constante ligando a cidadania aos formulários do censo pode desestimular imigrantes ilegais a responderem e incentivar a base do presidente norte-americano, Donald Trump, a participar, explicaram. Isso, por sua vez, ajudaria a redesenhar os distritos eleitorais de todo o país a favor de seu Partido Republicano, estimulando o presidente a travar uma batalha legal que ele tem pouca chance de vencer.

    O último desdobramento dessa história veio na noite de domingo, quando o Departamento de Justiça empossou uma nova equipe de advogados para lidar com litígios que se desenrolam há mais de um ano.

    "Mesmo que a pergunta seja retirada, se as pessoas estão tuitando como se fosse uma possibilidade verdadeira, ela continua a despertar temores e diminuir a contagem", disse Thomas Wolf, advogado do Centro de Justiça Brennan dedicado a questões do censo.

    A Constituição dos EUA exige que o governo conte todos os residentes --seja qual for sua situação legal-- a cada 10 anos. As informações coletadas se tornam a base dos mapas de votação e da distribuição dos cerca de 800 bilhões de dólares de fundos federais a cada ano.

    É ilegal para o Escritório do Censo compartilhar informações sobre indivíduos com os agentes da lei ou com as autoridades imigratórias --mas a ideia de questionar os moradores sobre sua cidadania provocou o receio de que a pesquisa se torne uma ferramenta para as políticas imigratórias rígidas do governo Trump.

    O presidente e seus aliados disseram ser importante conhecer o status de cidadania e caracterizaram a pergunta como algo que não deveria criar polêmica.

    "Muito importante para nosso país que se permita que a pergunta muito simples e básica 'Você é cidadão dos Estados Unidos?' seja feita no Censo 2020", tuitou Trump no dia 4 de julho.

    Uma pesquisa feita pela Reuters no início deste ano mostrou que 66% dos norte-americanos apoiam sua inclusão.

    Mas demógrafos, grupos de ativistas, empresas e até os próprios funcionários do Escritório do Censo dizem que a pergunta sobre cidadania ameaça debilitar a pesquisa.

    Comunidades com grandes populações de imigrantes e latinos podem ter taxas de resposta baixas. Pesquisadores estimaram que mais de 4 milhões de pessoas de um total de 330 milhões de habitantes podem não participar.

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