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América Latina

Terremoto no Haiti pode ter provocado outros na América Latina

29 jan 2010 - 09h29
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Marcos Chavarria
Direto de Porto Alegre

O terremoto de 7 graus na escala Richter que arrasou o Haiti no dia 12 pode ter disparado outros tremores de menor intensidade na América Latina. De acordo com o chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), George Sand de França, a ocorrência dos recentes abalos na região podem ter sido "acelerados" pelo terremoto de Porto Príncipe. Somente na semana seguinte à tragédia do Haiti, o Centro Geológico dos Estados Unidos registrou outros 22 tremores com mais 3 graus na escala Richter na América Latina, além das dezenas de réplicas no Haiti.

Haitiano é resgatado duas semanas após o terremoto:

"Há estudos que indicam que os terremotos desencadeiam outros tremores. Existe a hipótese do 'desengatilhar', ou seja, o tremor iria acontecer, mas a grande liberação de energia de um terremoto grande antecipa o fenômeno. Em Sumatra, em 2004, outros vários tremores foram desencadeados", afirma George Sand.

Desses 22 tremores registrados na América Latina, 13 foram em Porto Rico, próximo ao Haiti. O mais forte deles ocorreu na Guatemala, no dia 18, e chegou a 5,9 na escala Richter. No Haiti, foram 49 réplicas em uma semana, a mais forte delas, apenas 7 minutos após o primeiro abalo, também alcançou 5,9 graus.

De olho no futuro, o especialista defende investimentos em pesquisa e infraestrutura para evitar que novas tragédias como a do Haiti ocorram na América Latina. Segundo George Sand, a "memória" de terremotos na região é antiga, ou seja, como os latino-americanos não viveram grandes tremores de terra nos últimos anos, o risco de uma catástrofe é praticamente ignorado pelos governos.

"Na época que aconteceram, não tínhamos grande centros urbanos como temos hoje. Apenas na Venezuela, Peru e Chile, países com mais vivência no assunto, há uma política de prevenção para diminuir os efeitos de um terremoto. O ser humano precisa levar uma pancada para depois começar a se preparar", avalia George Sand.

Como exemplos de países que montaram estruturas eficientes para minimizar os impactos de grandes terremotos, o especialista cita o Japão e os EUA. Após o terremoto de 7,3 graus que devastou Kobe e matou cerca de 4,6 mil pessoas, em 1995, os japoneses passaram a investir largamente em tecnologias para evitar uma nova tragédia.

Outro caso de "pancada" levada por uma nação ocorreu em 1906, quando a cidade de São Francisco foi atingida por um terremoto de 7,7 graus. Cerca de 3 mil pessoas morreram. Desde então, o governo dos EUA tem investido em programas para diminuir os impactos do "Big One", como é chamado o próximo grande terremoto que atingirá a região no futuro.

"No Haiti, a 'memória' é de 150 anos. Ninguém esperava um terremoto dessa magnitude nessa região. O terremoto não avisa, já vai destruindo tudo", diz George Sand.

Segundo o especialista, o terremoto que devastou Porto Príncipe foi ainda mais danoso devido ao fenômeno chamado de "onda de superfície" - uma grande vibração semelhante a uma onda que ocorre quando os terremotos acontecem a poucos quilômetros de profundidade. O tremor no Haiti foi a 13 km do solo, o que é muito pouco para os padrões geológicos.

Novo terremoto e tsunami no Pacífico

Na semana passada, cientistas fizeram uma previsão de que um superterremoto de 8,5 graus na escala Richter deve acontecer entre 30 segundos e 30 anos junto à ilha indonésia de Sumatra. O fenômeno geraria um tsunami e seria tão letal quando o ocorrido em 2004, na mesma região, que matou 226 mil pessoas.

A Indonésia está localizada no Cinturão de Fogo do Pacífico - uma das áreas de maior atividade vulcânica do planeta. "Toda essa região espera um grande terremoto. Podemos esperar ao menos um grande terremoto por ano nestes locais", afirma George Sand.

Fonte: Redação Terra
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