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América Latina

Paraguai: eleições marcam normalização institucional na região

Ex-presidente Fernando Lugo foi destituído em junho de 2012 por "mal desempenho de suas funções" em um julgamento político no Congresso

16 abr 2013 - 17h43
(atualizado às 18h16)
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As eleições de domingo no Paraguai, onde os partidos tradicionais disputam a supremacia, marcarão a normalização institucional do país aos olhos de governantes da região, que não reconhecem o atual presidente Federico Franco, sucessor do ex-mandatário de esquerda destituído Fernando Lugo.

Horacio Cartes, do opositor Partido Colorado, e Efraín Alegre, do governista Partido Liberal, protagonizarão uma apertada disputa, recebendo nas pesquisas entre 36% e 37% das intenções de voto cada um.

Outros partidos, em sua maioria de esquerda, lançaram candidaturas com o principal objetivo de conquistar assentos no Congresso.

Um dos candidatos ao Senado é o ex-presidente e ex-bispo católico Lugo, destituído em junho de 2012 por "mal desempenho de suas funções" em um julgamento político no Congresso após o massacre de 17 pessoas ocorrido dias antes em Curuguaty, 250 km a nordeste de Assunção, durante a desocupação de uma propriedade particular.

Em visita a Curuguaty na segunda, Lugo chamou de "golpista" o atual governo do liberal Franco, que fora seu vice-presidente na aliança que o levou ao poder em 2008.

Os presidentes dos países membros do Mercosul e a maioria dos mandatários da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) romperam suas relações diplomáticas com Assunção em solidariedade com Lugo, mas prometeram reconsiderar sua posição depois das eleições de domingo.

O tema será abordado em um encontro bilateral entre as presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, da Argentina, em Buenos Aires, em 25 de abril, segundo a imprensa local.

Lugo reiterou a jornalistas na segunda que foi expulso do governo "por um golpe parlamentar" ao justificar a exclusão do Paraguai como sócio do Mercosul e da Unasul. "A ruptura democrático-institucional de 22 de junho de 2012 terá seu preço", profetizou. "Normalizar as relações terá seu tempo e seu processo", acrescentou.

O saída de Lugo em um julgamento sumário serviu de argumento para que o Paraguai fosse afastado do Mercosul na cúpula de Mendoza (Argentina), no dia 29 de junho. Na mesma reunião, os presidentes de Argentina, Brasil e Uruguai resolveram incluir a Venezuela, que até tinha seu ingresso bloqueado pelo Congresso paraguaio desde 2006.

Os ministros das Relações Exteriores de Argentina e Brasil, Héctor Timmermann e Antonio Patriota, declararam depois de uma reunião bilateral no Rio de Janeiro, em março, que seus países "esperam e desejam que o Paraguai volte a ocupar o lugar que lhe corresponde" no bloco.

Para Franco, atual presidente paraguaio, Argentina, Brasil e Uruguai "traíram os princípios fundamentais do Mercosul" ao suspenderem o Paraguai. "Privilegiaram os critérios políticos sobre os jurídicos", ressaltou Franco na Organização de Estados Americanos (OEA) em Washington, para defender finalmente pela refundação do bloco formado em 1991 em Assunção.

O governista Efraín Alegre, perguntado se se imaginava sentado ao lado dos presidentes de Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela depois da punição ao Paraguai, respondeu: "Em condições dignas". "Ninguém vai me chantagear. Vou defender com firmeza os interesses do Paraguai. O Mercosul é importante para o Paraguai, mas o Paraguai também é importante para o Mercosul", ressaltou.

Sobre a entrada da Venezuela, decidido na ausência do Paraguai em Mendoza em 29 de junho, disse: "Vamos nos sentar para conversar com base nos termos dos tratados e da institucionalidade, não da força". Já Cartes afirmou que está disposto a reintegrar o Paraguai aos blocos regionais, "mas sem ferir o Estado de direito".

O candidato colorado advertiu que, se os demais presidentes decidirem que questões políticas prevalecerão, então o Paraguai se manterá à margem. "Se esse for o preço, paciência, vamos a ter que continuar sendo punidos. Mas, em algum momento, terão que entender que o jurídico deve prevalecer".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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