Papa visita América Latina para se aproximar de fiéis
23 mar2012 - 08h13
(atualizado às 09h37)
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O papa Bento XVI desembarca nesta sexta-feira no México, no inicio de mais uma iniciativa da Igreja Católica para tentar reverter a perda de fiéis, a maior da história no país. Bento XVI faz sua primeira viagem ao país, que tem mais de 100 milhões de católicos, e depois segue para Cuba. A missão não será fácil, porém.
Não apenas porque Joseph Ratzinger não está acostumado a cruzar o Atlântico (depois de visitar o Brasil, em 2007, esta é a sua segunda viagem à América Latina em sete anos como Papa), mas também porque na última década, o percentual de católicos no México caiu de 88% da população, em 2000, para 83,9% no último censo.
Enquanto isso, a proporção de evangélicos e protestantes passou de 5,2% a 7,6% no mesmo período. O que mais preocupa a hierarquia eclesiástica mexicana, porém, é o número de ateus e agnósticos, que cresce a cada ano.
Crise da fé
"No México durante muitos anos nos impuseram o catolicismo porque era o costume, a tradição, na qual não se podia fazer perguntas. Mas a Igreja Católica se afastou das pessoas humildes e se move por dinheiro", critica Carmen, dona de casa mexicana que se reconhece cristã, mas não católica.
Apesar da forte presença das imagens católicas no país, especialmente da Virgem de Guadalupe, é cada vez mais frequente o aparecimento de outras congregações religiosas, sobretudo nas zonas mais humildes das grandes cidades.
A Igreja Católica também observa o crescimento de crenças que considera "diabólicas", como a "santería" e a devoção à Santa Morte, que tem cerca de 8 milhões de seguidores no México, na América Central e nos Estados Unidos.
O México vive "uma crise de fé", afirma a Conferência do Episcopado Mexicano. Por isso não surpreende que os bispos considerem que a visita do Papa tem um carácter "evangelizador".
Quando o pontífice aterrissar no Estado de Guanajuato (no centro do México), terá adiante uma intensa agenda que inclui missas em massa, encontro com o presidente Felipe Calderón, bençãos em praça pública e viagens de papamóvel pelas ruas coloniais do local.
"De certo modo, (o Papa) vem tomar medidas corretivas, como se esta fosse uma missão de controle de danos. Um deles, a perda de fiéis pelo repúdio de Ratzinger aos movimentos mais progressistas da Igreja Católica na América Latina", disse à BBC Mundo o vice-presidente del Centro de Estudios de Las Religiones en México, o sociólogo Bernardo Barranco. "Este Papa se concentrou muito na Europa, e havia abandonado a América Latina".
À sombra de João Paulo II
Além de enfrentar a perda de fiéis, o Papa ainda tem que lidar com a sobra de seu antecessor, João Paulo II. Karol Wojtyla visitou o México cinco vezes e chegou a ser chamado de "Papa Mexicano".
Em pesquisa recente, 72% dos católicos mexicanos afirmam não sentir por Bento XVI o mesmo carinho que tinham por João Paulo II.
A Igreja mexicana ainda se ressente de escândalos de abusos sexuais a menores por parte de Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, uma das mais importantes ordens católicas no país. O sacerdote, que morreu em 2008, teve vida dupla. Sabe-se de pelos menos duas famílias formadas por ele e entre as vítimas de abuso sexual estariam dois de seus filhos.
Tensão em Cuba
Já em Cuba, o Papa pode se reunir com Fidel Castro, caso o ex-ditador cubano requisite, segundo informou o Vaticano. A chegada do Papa foi precedida por denúncias de aumento de violações aos direitos humanos na ilha e de reações do regime castrista.
O jornal oficial do Partido Comunista Cubano, Granma, acusou opositores na ilha e nos Estados Unidos de conspirar para perturbar a visita de Bento XVI.
O Granma afirma que dissidentes estão seguindo instruções e aceitando subornos do que chama de "organizações contra-revolucionárias" em Miami. Os dissidentes estariam tentando fazer com que o Papa peça aos líderes cubanos a garantia de mais liberdades políticas no país.
A Anistia Internacional apresentou nesta quinta-feira informe no qual afirma que a situação dos direitos humanos em Cuba se deteriorou no último ano. Segundo a organização, ativistas vêm denunciando o aumento das detenções rápidas de opositores ao regime.
O Papa Bento XVI vestiu um sombreiro tipicamente mexicano durante a visita ao país
Foto: AP
Bento XVI é visto pela janela do helicóptero que o levou até o aeroporto
Foto: AP
Bento XVI acena ao embarcar no avião para uma viagem de seis dias ao México e à Cuba, no aeroporto internacional Fiumicino, em Roma. O principal objetivo do Papa ao cruzar o Atlântico é tentar reverter a perda de fiéis no México. Na última década, o percentual de católicos no país caiu de 88% da população, em 2000, para 83,9% no último censo
Foto: AP
Bento XVI é acompanhado pelo cardeal Tarcisio Bertone e pelo premiê italiano Mario Monti pouco antes de entrar no avião
Foto: AP
Bento XVI saúda público, com a primeira-dama mexicana, Margarita Zavala, ao lado, em estrutura montada no aeroporto de Guanajuato
Foto: AFP
Papa Bento XVI acena na sua chegada ao México; depois, sua segunda e última parada no tour latino é Cuba
Foto: AFP
Papa fala para mais de 600 mil fiéis que o receberam no estado de Guanajuato, no centro do México
Foto: AP
Foto: Terra
Praça da Revolução, em Santiago, Cuba, é preparada para receber o Papa, que inicia visita ao país na segunda-feira
Foto: AFP
Papa Bento XVI celebra missa privada na capela do Colégio Miraflores, na cidade de León
Foto: Osservatore Romano / AFP
Bento XVI esteve em León, no México, neste sábado
Foto: Osservatore Romano / AFP
A celebração foi assistida por um grupo restrito de monges, cardeais, bispos e sacerdotes
Foto: Osservatore Romano / AFP
Religiosos vindos da Espanha, Portugal, Venezuela, Peru e Cabo Verde também acompanharam a missa
Foto: Osservatore Romano / AFP
Ao lado de arcebispo, Bento XVI observa aves no Colégio Miraflores, em León
Foto: Osservatore Romano / AFP
Papa Bento XVI reza em frente à imagem da Virgem de Guadalupe na capela do Colégio Miraflores, na cidade de León, em Guanajuato
Foto: Osservatore Romano / AFP
Pessoas observam imagens à venda do Papa Bento XVI em praço de León, no México
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Mulher e criança caminham ao lado de retrato do Papa em El Cobre, a 935 km de Havana; Bento XVI chega na segunda-feira em Cuba
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Em comitiva, Bento XVI deixa León em direção a Guanajuato, onde deve se reunir com o presidente Felipe Calderón
Foto: EFE
O Papa Bento XVI discursou para milhares de crianças na sede do governo de Guanajuato
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24 de Março
Foto: Reprodução
Bento XVI chegou neste domingo à cidade mexicana de Silao
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Multidão saudou Bento XVI em Silao; o Papa chegou à cidade de helicóptero e utilizou o papamóvel
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Mexicana sorri durante passagem do papamóvel
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Milhares de pessoas passaram a noite em um acampamento instalado no parque na cidade para a cerimônia
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Missa campal reuniu mais de 300 mil fiéis no parque Bicentenário da cidade de Silao
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Durante a celebração, Bento XVI pediu à América Latina para que confiasse em "Cristo Rei" para buscar "paz e acordo"
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O Papa comparou a situação que vive a América Latina com as vicissitudes do povo hebreu relatada no Antigo Testamento
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Segundo Bento XVI, a Igreja da América Latina e do Caribe têm a necessidade de "confirmar, renovar e revitalizar" para superar o que chamou de "cansaço da fé"
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Após afirmar que o México e o continente vivem "momentos de dor e de esperança", Bento criticou o poder dos exércitos que submetem os demais pela força ou pela violência
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Bento XVI se prepara para iniciar missa na Praça Antonio Maceo de Santiago de Cuba
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O Papa é cumprimentado pelo presidente cubano, Raúl Castro, na chegada para missa em Santiago de Cuba
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Milhares de pessoas se aglomeram para acompanhar a missa do papa Bento XVI em Santiago de Cuba
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Papa Bento XVI é recebido pelo presidente cubano, Raúl Castro, no famoso Palácio da Revolução em Havana
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O Papa e o presidente cubano falam à multidão em Havana
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Raúl Castro recebe o papa Bento XVI para uma reunião a portas fechadas
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O Papa dá a Raúl Castro uma réplica do livro "Geografia", do astrônomo e geógrafo grego Ptolomeu
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O presidente cubano presenteia Bento XVI com uma escultura da Virgem da Caridade do Cobre
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O Papa anda de papamóvel antes de uma missa em Havana
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O papa Bento XVI acena para fiéis do papamóvel, em Havana, antes de celebrar uma missa na capital cubana
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O presidente cubano, Raúl Castro, cumprimenta autoridades antes da missa
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Equipe de seguranças acompanha o papamóvel levando Bento XVI
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Multidão vai à praça da Revolução, em Havana, para ver o papa Bento XVI rezar uma missa, a segunda de sua visita de dois dias a Cuba. O Pontífice foi recebido sob um sol radiante por milhares de pessoas. Em 1998, nesse mesmo lugar, na presença de Fidel Castro, João Paulo II - o primeiro Papa a visitar a ilha - celebrou uma histórica missa em que pediu que "Cuba se abra para o mundo para que o mundo se abra para Cuba"
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Bento XVI chega no papamóvel para celebrar a missa na Praça da Revolução
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O Papa celebra a missa para uma multidão de fiéis na capital cubana
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Milhares de pessoas tomam a praça da Revolução à espera do papa Bento XVI
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Papa celebra missa ao ar livre na praça da Revolução para milhares de fiéis. O ato encerra sua visita a Cuba. Bento XVI também passou pelo México em sua viagem pela América Latina
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Fidel Castro recebe o Papa Bento XVI, em Havana: encontro histórico
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Fidel Castro recebe o papa Bento XVI na capital cubana
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O encontro ocorre 14 anos após a reunião de Fidel com o papa João Paulo II
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O encontro começou após a missa oficiada pelo pontífice na praça da Revolução
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O ex-presidente de Cuba conversa com Bento XVI durante o encontro
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O papa Bento XVI se reúne com o ex-presidente cubano Fidel Castro em Havana, após rezar uma missa na praça da Revolução