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Morte de Hugo Chávez

Multidão não desiste de dar adeus a Chávez: "dói tudo, mas eu vou"

8 mar 2013 - 09h04
(atualizado às 09h23)
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Alguns não suportaram as longas horas na fila para ver o corpo do ex-presidente
Alguns não suportaram as longas horas na fila para ver o corpo do ex-presidente
Foto: AFP

Ainda sob o frio da madrugada, centenas de milhares de pessoas seguiam nesta sexta-feira esperando sua vez para ver o corpo do falecido presidente Hugo Chávez, cujo corpo jaz na sede da Academia Militar em Caracas.

Por toda parte, os venezuelanos aguardam indiferentes ao lixo acumulado em dois dias de peregrinação popular para chegar ao caixão de Chávez e prestar sua última homenagem.

"Não importa quantas horas esperamos, mas vamos ficar aqui até que o vejamos", afirma Luis Herrera, utilizando a boina vermelha popularizada pelo líder venezuelano.

Herrera, um motorista de 49 anos, chegou de um bairro de Caracas no fim da tarde de quinta-feira e à meia-noite ainda estava muito longe de entrar no recinto onde encontram-se expostos os restos do ex-presidente, falecido na terça-feira após uma longa batalha contra um câncer.

Seus olhos se enchem de lágrimas ao pensar no que fará quando o vir: "rezarei um pai-nosso para que Deus o receba com os braços abertos", explica.

Jogar cartas, cantar e gritar slogans em homenagem ao presidente: tudo é válido para suportar as longas horas de espera para chegar à capela ardente.

Logo, o grito "Eu sou Chávez!" explode na voz de um grupo de manifestantes e se espalha como pólvora entre o resto das pessoas que aguardam na fila.

Vendedores ambulantes percorrem a região vendendo cartazes, bandeiras e fotos de Chávez.

<p>Desde o início do cortejo, milhares de pessoas tomam as ruas de Caracas</p>
Desde o início do cortejo, milhares de pessoas tomam as ruas de Caracas
Foto: Reuters

Aos 65 anos, Aura Hernández estava há mais de dez horas na fila, mas não renunciava ao desejo de prestar sua última homenagem ao ex-presidente venezuelano.

"Dói tudo, mas eu vou", afirma decidida Hernández, uma costureira que agradece a Chávez não apenas por suas duas máquinas de costura, mas "pela liberdade e pela independência" que afirma que ele proporcionou durante seus anos de governo.

Narda Barrios, de 33 anos e membro das milícias criadas por Chávez para defender seu processo revolucionário, adverte o vice-presidente Nicolás Maduro para que "se porte bem com o povo, porque, caso contrário, o povo irá castigá-lo. Haverá consequências", ressalta esta mulher, com as cores da bandeira venezuelana pintadas no rosto.

Maduro será empossado como presidente nesta sexta-feira às 23h30 GMT (20h30 de Brasília), informou o presidente da Assembleia Nacional (Parlamento), Diosdado Cabello. Maduro deverá realizar "o chamado às eleições quando for a hora, de acordo com a Constituição, nos próximos 30 dias", disse o legislador.

Multidão presta homenagens para Chávez em cortejo fúnebre:

Chávez deixou estabelecido que Maduro, 50 anos, seja seu sucessor e que assuma a presidência temporária enquanto são convocadas eleições, nas quais também será o candidato governista.

"Chávez travou 16 batalhas, mas o povo vai ganhar a 17ª em sua homenagem", afirma confiante Carolina Arellano, ao opinar sobre as novas eleições que se aproximam para designar o substituto do presidente morto.

Policiais e militares consultados pela AFP ainda não sabiam o que ia ocorrer com as milhares de pessoas que aguardam nas filas para homenagear o líder, cujo funeral oficial será realizado nesta sexta-feira às 15h30 GMT (12h30 de Brasília) com a presença de dezenas de presidentes, chefes de Estado e de governo e representantes de vários países do mundo.

Mas Maduro anunciou que o corpo de Chávez será embalsamado e repousará em um museu de Caracas que serviu de quartel-general durante seu frustrado golpe de Estado, em 1992.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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